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Lista suja do trabalho escravo inclui ex-prefeito

O Globo, O Pais, p.10
06 de Dez de 2005

Lista suja do trabalho escravo inclui ex-prefeito
O novo cadastro dos empregadores que exploram mão-de-obra escrava em suas fazendas, a chamada lista suja do Ministério do Trabalho, incluiu em 30 de novembro o nome de mais um político. O ex-deputado federal Beto Mansur, do PP, que foi duas vezes prefeito de Santos (SP), aparece na nova relação.
No ano passado, a equipe móvel de fiscalização do governo flagrou esse tipo de exploração nas fazendas Triângulo e Terra Boa, em Goiás, que pertencem a Mansur. Os fiscais libertaram 46 trabalhadores que viviam em condições consideradas humilhantes, sem infra-estrutura mínima para trabalhar e viver.
A inclusão na lista provoca a perda de acesso a recursos públicos, como direito a financiamento e a empréstimo em bancos estatais, por pelo menos nos próximos dois anos, período em que as propriedades estarão sob observação. Além do flagrante, Beto Mansur foi obrigado a pagar R$ 85 mil de multa trabalhista aos empregados que eram explorados nas fazendas. Entre eles, sete menores.
A equipe do Ministério do Trabalho relatou que encontrou trabalhadores que tinham salário descontado para pagar despesas de alimentação, viviam em péssimas condições de higiene e bebiam água suja de um poço, além de mal alojados. No campo, eles não recebiam equipamentos adequados para o trabalho, e lidavam com produtos tóxicos.
Beto Mansur, que foi corregedor-geral da Câmara dos Deputados nos anos 90, negou que em suas terras explore mão-de-obra escrava. Ele disse que se houve problemas, foram trabalhistas.
— Não existe jagunço, não tenho arma na fazenda e não permitiria isso. O que pode estar ocorrendo é que há pessoas que fazem trabalho eventual, sem registro. Mas não é razão suficiente para me incluir numa lista como essa. Não sou um escravocrata.

O Globo, 06/12/2005, p. 10

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