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Líderes Kaingang são libertados em Santa Catarina

Procuradoria Geral da República-Florianópolis-SC
02 de Mar de 2006

Presos desde o dia 27 de dezembro de 2005 no presídio regional de
Chapecó, SC, o cacique Idalino Fernandes Siqueira, 41 anos, e a
liderança Jair Cardoso, 45, ambos da terra indígena Toldo Chimbangue,
foram soltos, por ordem da Justiça Federal, na última sexta-feira (24).

No sábado, 25, os Kaingang organizaram uma grande festa para comemorar
a liberdade dos líderes. O clima era de grande alegria e emoção.
Idalino falou à comunidade pedindo para que todos se mantenham firmes
na luta pela reconquista de suas terras, que não se deixem amedrontar
pelo fato de algumas pessoas terem sido presas. Disse que a justiça
concedeu prazo até abril para que a Funai refaça o levantamento dos
valores das benfeitorias dos agricultores ainda residentes na terra
indígena e, então, proceda a conclusão da desintrusão da área. Pediu
que se mantenha a calma e a tranqüilidade na aldeia.

As prisões das lideranças ocorreram após uma manifestação realizada
pelos indígenas no interior da área no dia 19 de dezembro. Os índios
bloquearam estradas a fim de chamar a atenção do governo federal
quanto à demora no processo de retirada dos ocupantes não-índios da
terra indígena Toldo Chimbangue II, de 975 hectares, localizada no
interior do município de Chapecó, no oeste catarinense. Na semana
seguinte, oito lideranças foram presas, incluindo o cacique da terra
indígena Toldo Pinhal, Lauri Alves. Este, em momento algum, esteve
presente no local, mas foi acusado por funcionários da Cooperativa
Alfa, ligada ao agro-negócio e ao governo de Santa Catarina, como
sendo um dos líderes da manifestação. Por isso, foi acusado pelo
Ministério Público Federal e preso pela Polícia Federal sendo liberado
três dias depois. As outras cinco lideranças do Toldo Chimbangue
haviam sido soltas no decorrer do mês de janeiro. Restando presas
Idalino e Jair.

Para o Cimi as acusações e prisões de lideranças indígenas em Santa
Catarina são elementos demonstrativos da continuidade de um processo
histórico equivocado, racista e discriminatório em relação aos povos
indígenas e sua forma de ocupação territorial. Tais fatos resultam da
estratégia de setores políticos e econômicos antiindígenas deste
estado que visam, com a criminalização das lideranças, amedrontar os
povos que lutam pelo reconhecimento do direito às suas terras
tradicionais. Terras essas das quais estes povos foram expulsos, em
passado recente, pelos mesmos setores sociais que hoje buscam
aprisioná-los.

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