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Líderes indígenas do Acre recebem curso de formação

Página 20-Rio Branco-AC
18 de Fev de 2003

Sete tribos indígenas do Acre deram início ontem a um curso de formação de lideranças indígenas, promovido pela parceria entre a União das Nações Indígenas (UNI) e o Ibama. O objetivo principal do curso é capacitar agentes indígenas para fiscalização e vigilância das terras, defendendo suas fronteiras e preservando suas riquezas naturais.

O projeto começou ontem com o primeiro módulo de um total de três, que serão dados ao longo de três anos de curso. Assim que terminar a primeira fase, o curso será levado para outras etnias do Vale do Juruá. Ao todo, serão 240 horas de palestras, oficinas e seminários com instrutores do Ibama de Brasília (que já estão em Rio Branco) e do Acre.

"Nosso objetivo é ampliar ao máximo esse projeto no Estado. É a primeira vez que o Ibama daqui desenvolve um trabalho comprometido com a vigilância das terras indígenas. Agora, nossa intenção é que os agentes formados sejam denunciantes das irregularidades em suas terras. Para isso também estaremos esclarecendo sobre as instituições que podem estar sendo parceiras nesse processo, como o Ibama por exemplo", afirmou a coordenadora técnica do projeto pela UNI, Jandira Keep.

Segundo a coordenadora, um dos principais problemas das terras indígenas são os limites das terras, situação comum nas tribos Ashaninka e Jaminawa que fazem fronteira com outros países. Mas as invasões de pescadores, caçadores e madeireiros que adentram as terras para explorarem seus recursos sem controle ambiental e sem autorização também são alvos dessa fiscalização que o Ibama e a Uni pretendem intensificar.

Indígenas agradecem iniciativa

Para os representantes indígenas que participaram do primeiro dia de curso ontem pela manhã, o sentimento foi de satisfação e segurança. Todos deram seus depoimentos falando sobre a necessidade de fiscalização maior em suas terras e agradeceram a iniciativa dos dois órgãos.

"Queremos manter nossas terras como nossos ancestrais sempre mantiveram. Em nossos rios, em nossas terras, já estão faltando peixes, tracajás, madeiras e outras espécies. Temos que praticar a conscientização do nosso povo, e eu realmente espero que seja isso que aconteça aqui neste curso", disse Biraci Brasil Yawanawa.

Hoje, no Acre, existem 35 terras indígenas que estão sendo reivindicadas como propriedade das etnia que as ocupam. Desse total, 28 já estão regularizadas e algumas outras estão em processo de concessão.

"A maioria das terras estão legalizadas, mas a territorialidade de cada uma delas não está totalmente garantida por causa da exploração indevida dos recursos. Por isso esse curso é tão importante. Para que de fato, tenhamos controle sobre nossas terras", destacou Biramci.

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