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Lideranças indígenas ocupam DSEI e pedem saída de superintendente

Mídia MS - http://www.midiams.com.br
Autor: Marcelo Villalba / Angélica Colman
18 de Set de 2013

Indígenas pedem melhorias na saúde e no saneamento básico

Cerca de 40 Indígenas das etnias Guarani Kaiowa, Terena Kadiwéu e Guató ocuparam no fim da manhã desta quarta-feira (18), o Distrito Sanitário Indígena (DSEI), na Avenida Via Park, em Campo Grande.

O motivo seria para que o superintendente do órgão deixe o cargo. Eles alegam que Nelson Carmelo Olazar não é apto para a função. Uma vez que a saúde e as condições indígenas andam precárias.

Segundo Fernando Souza, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), a saúde indígena hoje é responsabilidade do Ministério da Saúde por meio da Secretaria Especial Indígena, por conta disso a ocupação por parte do movimento representa os povos indígenas de Mato Grosso do Sul.

Fernando diz que esse é um ato pacifico no sentindo de demonstrar o descontentamento das lideranças indígenas do movimento em relação ao atendimento da saúde dentro das aldeias. Segundo ele hoje os atendimentos são precários, com falta de estrutura básica dentro das comunidades, onde as unidades de saúde não tem manutenção e está em estado precário.

Os veículos para atender os indígenas estão quebrados e sucateados, além da falta de medicação básica para atender os pacientes que vão nas unidades de saúde. Ainda segundo Fernando, as aldeias estão com falta de saneamento básico.

"É um conjunto de precariedades que acabou sendo transformado em descontentamento por parte das lideranças, não nos restou alternativa a não ser essa ação aqui no Distrito. Aqui é a sede do subsistema de saúde indígena e aqui é onde estão programadas e planejadas essas ações", complementa Fernando.

Os indígenas pede o afastamento do superintendente Nelson, que trabalha na saúde indígena desde 1999. "Nós fizemos uma avaliação em relação a isso tudo e é falta de gestão da Sesai de Mato Grosso do Sul, já que existem recursos financeiros, existe estrutura mínima dentro das aldeias, existe administração, mas todos esses recursos não estão sendo transformado em beneficio para população dentro das aldeias indígenas. E como é falta de gestão, não resta alternativa a não ser pedir o afastamento do coordenador, que é responsável por fazer, planejar e organizar com que esses recursos sejam transformados em ações dentro das nossas aldeias em nossas comunidades", explica Fernando.

Essa não é a primeira vez que Lideranças Indígenas fazem manifestação para que Nelson deixe o cargo, eles já pediram em Brasília o afastamento do superintendente, mas nada foi feito. Agora eles prometem permanecer por tento indeterminado no prédio do DSEI até que alguém tome algum posicionamento, tanto de Brasília quanto no Estado.

"Ficaremos aqui até que tenhamos uma resposta de Brasília ou que venha alguém de lá com poder de decisão. E que converse com o movimento no sentindo de atender nossas reinvindicações", finaliza Fernando.

Etnia Terena - Aquidauana

Segundo Pedro Luis, o mais certo a ser feito é colocar no lugar de Nelson algum indígena que está 24 horas dentro das aldeias e sabe dos problemas por eles enfrentados. Sua aldeia fica localizada a uma hora e meia de Aquidauana e para ir até a cidade, utilizam um carro que possui duas marchas para tentar socorrer a população

"Nós sentimos que é o momento de colocarmos um indígena já que o índio vive com a gente, dorme e vive 24 horas na comunidade. Ele sabe e sofre junto, ele nos entende. Enquanto não for assumido por uma pessoa indígena a gente entende que ele não sabe o que a gente passa o que a gente sofre", desabafa Pedro.

Pedro diz que na aldeia em Aquidauana têm reservatórios que a mais de seis anos não são revisados, as canalizações estão com vazamentos, além de caixas d'água furadas. Segundo ele, a caixa manda água mais para fora do que para dentro da rede, assim ocorrendo a contaminação com as crianças que podem ser infectadas com verminoses.

A falta de veículo na região também é um problema, segundo Pedro, eles dependem de ambulâncias, já que as deles são sucateadas e algumas estão sem tetos. A falta de medicamentos também foi outro problema destacado por Pedro, segundo ele na região a uma demanda muito grande de hipertensos e diabéticos, e a falta de medicamento gera dificuldade no acompanhamento desses pacientes que dependem desse tratamento.

"Nós resolvemos tomar essa atitude já que a coordenação é uma coordenação arrogante e não faz as demandas, não faz contatos com os lideres, não procura os caciques, e não vê de perto as problemáticas e atuar", comenta Pedro.

Etnia Guató - Corumbá

Anízio Guilherme da Fonseca veio para Campo Grande para participar da Conferencia Estadual de Saúde Indígena, ele ficou sabendo do movimento e foi até o Dsei para apoiar os demais indígenas.

A Aldeia Guató fica a 360 quilômetros, rio acima, de Corumbá/MS. Segundo Anízio, na aldeia já teve um barco mais moderno, porém vive estragado, e eles não sabem qual é a razão. O barco era para atender a comunidade, assim dar um atendimento melhor para população. "O barco que estragou agora tem 12 anos de funcionamento. Então falta algo para melhorar as condições, temos que ter uma politica bem estruturada", comenta Anízio.

Segundo ele, o cacique da aldeia precisou ir ao Ministério Público para resolver o problema de água potável na aldeia. "Lá já tem uma estação de tratamento de água, já temos a distribuição de quase todas as famílias, mas falta combustível, ou estraga a bomba, aí fica difícil para comunidade", lembra.

Etnia Guarani Kaiowa - Japorã

Segundo Dorival Velasques, a população Guarani é a que mais sofre na região do Conesul. Segundo ele a população indígena tem que ser tratada com dignidade. "Nós precisamos da internação hospitalar indígena hoje, onde a gente vive, nós não temos condições para pagar uma consulta particular e o município se nega a atender principalmente a população indígena", comenta Dorival.

Segundo ele a vinda para o Dsei é para melhorar a saúde da região. "Nós não temos condições mínimas para transportar pacientes. E a gente quer que a melhoria aconteça de fato, nosso saneamento básico é precário e nossas crianças estão sendo as principais vítimas", finaliza Dorival.

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