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Lideranças indígenas debatem ensino médio nas aldeias

Brasil Norte-Boa Vista-RR
06 de Ago de 2003

Professores que integram a Comissão Nacional de Professores Indígenas discutiram ontem, em Brasília, com a diretora do Ensino Médio e Tecnológico, Marise Ramos, e com o coordenador da educação escolar indígena da Secretaria de Ensino Fundamental, Kleber Gesteira, a implantação do ensino médio nas aldeias e a realização de projetos pilotos do Programa Diversidade na Universidade.
Entre os principais desafios do Ministério da Educação na oferta do ensino médio às populações indígenas estão a construção de projetos pedagógicos e currículos escolares de fixação do estudante na aldeia e a formação de professores indígenas para atuar nessas escolas.

Áreas privilegiadas
De acordo com o professor Fausto Macuxi, de Roraima, as escolas das cidades desconhecem a questão indígena e a educação que oferecem conduz o jovem à disputa de mercado e nunca o seu preparo para o retorno á aldeia. Para evitar esse tipo de problema, que já existe hoje, explica, é necessário investir na formação de professores indígenas que possam assumir as tarefas e na definição de currículos voltados para as áreas que promovam o sustento nas terras indígenas.

Esse estudo, adianta, deve privilegiar as áreas de ciências, educação, saúde e direito. Para Agnaldo Xucuru, de Pernambuco, os indígenas estão preocupados com a recuperação da terra e em preservar os conhecimentos ancestrais de saúde, e nada disso aparece nos currículos escolares.
"O que pode fazer um indígena que conclui o curso técnico em operação de PABX?", pergunta.

"Ora, só pode trabalhar numa grande empresa, nunca numa aldeia onde esse conhecimento não está em primeiro lugar", diz. Também o professor Joaquim Caxinauá, do Acre, está preocupado com a questão cultural. De acordo com ele, "o Brasil é multicultural, mas quando as propostas da educação são elaboradas isso é deixado de lado." Ele defende o bilingüismo, da educação infantil à universidade, para que a identidade cultural de cada etnia seja assegurada pela educação.

Compromisso
Depois de ouvir os professores da Comissão Nacional, a diretora da Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec) disse que o MEC é parceiro dos professores indígenas na defesa dos princípios dessa escola de ensino médio que começa a ser construída.
A parceria irá orientar a atuação do MEC na definição de estratégias e construção de canais com as secretarias estaduais de educação que são as responsáveis pela oferta de ensino médio.

Pilotos
Dentro do programa Diversidade na Universidade, que é dirigido ao reforço escolar das populações negra e indígena que estão terminando ou que já concluíram o ensino médio, a Comissão de Professores Indígenas e a Semtec definiram a realização de projetos pilotos, este ano, no Parque Nacional do Xingu (MT) e na Bahia. No Xingu, o Diversidade vai trabalhar na formação continuada de professores de 16 etnias e, na Bahia, com todas as etnias do estado. No caso indígena, os recursos do Diversidade não serão usados para cursinhos pré-vestibulares, mas para apoiar programas de formação continuada de professores.

A avaliação desses pilotos, que se estenderão até dezembro, explicou Kleber Gesteira, é que vai definir novos projetos em 2004. No Xingu, disse Kleber, os professores querem refletir sobre política, processo pedagógico, papel do professor e ver as questões lingüísticas e, na Bahia, fazer oficinas de leitura e escrita. O formato do programa, como e quem fará a avaliação e quando se inicia estão sendo trabalhados pela Semtec

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