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Lideranças indicam índio para Funai

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: Marilena Freitas
18 de Ago de 2003

Eduardo Aguiar de Almeida entregou o cargo na terça-feira passada

Com a exoneração do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Eduardo Aguiar de Almeida, ocorrida ontem, conforme portaria publicada no Diário Oficial da União, as entidades indígenas já estão se mobilizando para indicar um novo nome para assumir o cargo.
Até agora está sendo cogitado o nome do índio Antônio Apurinã, da etnia Apurinã, do Estado do Acre, que trabalha no setor financeiro da Funai. Ele tem um currículo bom em defesa aos direitos indígenas, segundos as entidades indígenas.
O coordenador do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Jarcir de Souza, disse que é contra os nomes indicados pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PPS) e disse que o parlamentar não é a pessoa indicada para sugerir o novo presidente.
O senador indicou os nomes dos índios Marcos Terena e de Orlando Justino, atual secretário de Assuntos Indígenas de Roraima, favorável à demarcação em ilhas. Apesar de alertar para os possíveis conflitos indígenas, o senador Augusto Botelho (PDT) apoio a proposta.
"Essa indicação tem que partir dos índios, que são os principais interessados", justificou o coordenador, ao dizer que deve assumir o cargo uma pessoa que tenha interesse em defender as causas indígenas. Cavalcanti é tido entre os índios ligados ao CIR como inimigo das bandeiras de luta, como a demarcação da terra indígena Raposa/Serra do Sol.
Jacir de Souza contou que ontem as entidades Apirr (Associação dos Professores Indígenas de Roraima), Omir (Organização das Mulheres Indígenas de Roraima), TWM (Taurepang, Wapixana e Macuxi) e a Coiab (Coordenação dos Índios da Amazônia Brasileira) se reuniram para discutir o nome do novo presidente.
"O Antônio Apurinã é um homem de confiança, que sempre defendeu seu povo. Ele assumindo, a nossa meta é organizar a Funai em Brasília", disse Jacir, ao acrescentar que o CIR discorda da situação que hoje se instalou na sede da Funai em Brasília.
Ele se refere a expressiva quantidade de índios que moram em Brasília e vivem das benesses da Funai, e que estavam inconformados com a política adotada por Eduardo Aguiar. "Não concordamos que esses índios que moram em Brasília, já há muito tempo fora da sua maloca, tenham sido os responsáveis pela saída do presidente porque estavam descontentes", criticou.
Para o líder indígena, a saída de Eduardo Aguiar foi uma perda porque "ele lutava pela causa indígena". As lideranças das organizações indígenas de Roraima pretendem ainda se reunir nesse final semana para acertar os detalhes sobre a indicação do próximo presidente. O novo nome deve ser enviado ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, na próxima segunda-feira.
Enquanto o ministro não decide quem assumira a pasta, responde interinamente pelo órgão indigenista o diretor de assuntos fundiários, Antônio Pereira Neto. Eduardo foi quem entregou o cargo.

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