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Lideranças defendem mudanças na política indigenista do Acre

O Rio Branco-Rio Branco-AC
Autor: Stalin Melo
06 de Out de 2005

Aconteceu esta semana em Rio Branco um encontro de lideranças indígenas no auditório do Hotel Rio Branco. Na pauta dos debates, mudanças na política indigenista do Acre. Um dos coordenadores do encontro foi Jecinaldo Barbosa, da tribo Sateré-Mawé, dirigente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Legal (Coiab), que atua em nove estados brasileiros.

Foram discutidos programas dentro do PDPI e dentro do Projeto de Proteção às Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL), que são subprogramas do PPG-7. No debate, ainda, a retomada da organização da União dos Povos Indígenas (UNI), fechada depois de denúncias de má aplicação de verbas da Funasa.

No encontro, uma comissão analisa a demarcação de 192 terras indígenas, das quais 21 estão dentro do Estado do Acre. Dessas, 13 já foram demarcadas e oito estão em fase de identificação. Ao todo, são 3.136 índios que devem ocupar uma área de 868.499 hectares no Estado.

O encontro faz parte da 11ª reunião da Comissão Paritária Deliberativa do PPTAL. Foram analisados três novos projetos de vigilância (um no Juruá, um no Envira e outro em Tarauacá). Também foi escolhido o novo presidente da CPD, o líder indígena Francisco Avelino.

Preocupação

De acordo com Jecinaldo Barbosa, a Coiab está acompanhando com uma certa preocupação o movimento indígena do Acre. Isto porque o movimento indígena acreano sempre revelou lideranças importantes e expressivas. Sobre o caso da Uni, a Coiab acompanhou a situação de perto. "Hoje temos um norte", disse Jecinaldo.

O mais importante neste momento de reaglutinação dos movimentos indígenas é trabalhar, segundo ele, para a unificação, o fortalecimento e a articulação do movimento. Essa reorganização é necessária para que as lutas possam ser retomadas. "Temos que abrir as discussões para chegar a um entendimento", enfatiza.

No caso da Uni, o problema, segundo ele, aconteceu porque a Funasa não cumpriu suas responsabilidades. Isto porque, analisa, o movimento só assumiu os convênios por falta de competência do governo brasileiro. "A Funasa não garantiu o apoio técnico e nem a aplicação dos recursos", afirma Jecinaldo.

Ele também fez crítica à forma como os governos na Amazônia tomam para a si a organização dos movimentos indígenas. Ressalta que muitos líderes, quando assumem uma função pública, esquecem o comprometimento com as causas indígenas. Ele defende que a participação deve ser coletiva das lideranças.

"O governo precisa ouvir mais os movimentos indígenas, que devem ser protagonistas das articulações políticas e das ações", comenta.

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