VOLTAR

Lideranças de Raposa Serra do Sol visitam povo Pataxó Hã Hã Hãe no sul da Bahia

Cimi - http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=3770&eid=342
08 de Abr de 2009

Entre 24 e 29 de março, duas lideranças do povo Makuxi da terra indígena Raposa Serra do Sol, no estado de Roraima, visitaram seus parentes do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe e Tupinambá de Olivença no sul da Bahia.

O tuxaua Djacir Macuxi, da aldeia Matruca, e Marilene, da aldeia São Marcos, visitaram a aldeia Caramuru, Bahetá, Água Vermelha, na terra Caramuru-Catarina-Parahuassu. No dia 27 de março, se reuniram com a comunidade Pataxó Hã-Hã-Hãe, num encontro que contou com a presença dos Tupinambá de Olivença e de entidades de apoio à luta dos povos indígenas na região (CIMI, CPT, Irmãs Agostinianas, ARES).

As lideranças Macuxi agradeceram o apoio da comunidade Pataxó Hã-Ha-Hãe e Tupinambá de Olivença durante todo o processo de julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da ação que pedia a anulação da demarcação da Raposa. A primeira sessão do julgamento ocorreu em agosto de 2008, um mês antes do inicio do julgamento da Ação de Nulidade de Títulos das terras dos Pataxó Hã-Hã-Hãe. Os Makuxi também foram à Bahia prestar solidariedade e apoio a povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, pois nos próximos meses deve continuar o julgamento da Ação de Nulidade de Títulos, que foi suspenso em setembro de 2008, após o voto favorável do relator Ministro Eros Grau e pedido de vista do processo do Ministro Menezes Direito.

Segundo o tuxaua Djacir: "Agora é a nossa vez de nos fazermos presentes, e apoiarmos a luta dos parentes Pataxó Hã-Hã-Hãe, neste momento importante de sua luta, eles que não mediram esforço para nos apoiar, e apoiar outras lutas dos parentes no Brasil. Temos certeza que o STF dará parecer favorável aos parentes Pataxó Hã-Hã-Hãe, pois acreditamos na justiça brasileira, e assim como eles fizeram justiça com o nosso povo, nos devolvendo o nosso território, também farão justiça com os parentes e devolverão a eles a suas terras."

O STF manteve, no dia 20 de março, a decisão favorável à demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol, numa decisão que beneficiou os índios e determinou a saída dos fazendeiros da região.

A decisão, por 10 votos a 1 dos ministros do STF, derruba uma ação impetrada em 2005 pelo senador Augusto Botelho (PT-RR) contra a criação de uma reserva de 1,7 milhão de hectares homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo ano.

A demarcação foi aprovada com 19 condições, 18 propostas pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito, em dezembro, e uma apresentada pelo presidente do STF Gilmar Mendes.

A terra indígena Raposa Serra do Sol é a habitação tradicional dos povos Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e Patamona, uma população estimada em 19 mil índios. A sua delimitação compreende o território contínuo de 1,7 milhão, no nordeste do estado de Roraima, entre os rios Tacutu, Maú, Miang, Surumú e a fronteira com a Venezuela.

Há mais de 34 anos, as comunidades indígenas lutavam para que a sua terra fosse devolvida definitivamente aos seus legítimos habitantes, um direito negado pelo Estado Brasileiro por pressão de fazendeiros, da bancada parlamentar e do governo de Roraima.

A luta dos Povos Indígenas da Raposa Serra do Sol em muita se assemelha à luta dos Pataxó Hã-Hã-Hãe. A demora na resolução da questão, a violência cometida contra os índios, o preconceito, os seus inimigos. A presença das lideranças Macuxi na região trouxe muito ânimo à comunidade Pataxó Hã-Hã-Hãe e à comunidade Tupinambá de Olivença que também luta pela identificação do seu território.

Itabuna, 27 de março de 2009
Conselho Indigenista Missionário

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.