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Líder indígena denuncia invasão de terras no Acre por madeireiros peruanos

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Beth Begonha
05 de Mai de 2004

Em entrevista ao Programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia, ontem (4), o líder indígena Benki Pianco, da etnia Ashaninka, voltou a denunciar a invasão das terras de seu povo por madeireiros peruanos.

Benki, no entanto, pede pressa. "Dos 87 mil hectares que compreendem a nossa terra, eles já desmataram mais de 7 mil, nesse espaço de 5 anos. Enquanto trabalhamos para preservar, vemos o nosso povo, e não só o povo Ashaninka, mas todo povo brasileiro, ser roubado em suas riquezas por criminosos reincidentes. Precisamos do apoio do Governo Federal, da União. Esse é um território que nós estamos cuidando e usufruindo de seus frutos, mas que é na verdade terra do Brasil, terra brasileira."

Situada no Estado do Acre, no vale do Juruá, fronteira com o Perú, a aldeia Apiwtxa desenvolve vários projetos de resgate da cultura do povo e restauração da floresta. Os Ashaninka que, por influência dos brancos, durante certo tempo tornaram-se criadores de gado, têm trabalhado para trazer de volta a floresta nativa. Em quinze anos de trabalho a selva volta a ocupar os espaços, antes abertos na mata para pastagens. Eles trabalham com manejo de animais silvestres. Alguns, muito tradicionais na vida deste povo, como os queixadas (espécie de porco selvagem) e as antas, haviam desaparecido completamente da área, mas com o projeto de manejo estão de volta, se reproduzindo e repovoando as terras reflorestadas.

Benki é agente agroflorestal do Acre e afirma que seu povo já poderia ter feito muito mais se não tivesse que cuidar da fronteira, para evitar a invasão de território brasileiro por madeireiros do Perú - "80 por cento do tempo do povo da aldeia têm sido usados para vigiar as fronteiras", disse o agente indígena, lembrando que a primeira denúncia de invasão foi feita em 1999. Segundo Benki, de lá para cá o processo tem se repetido. Retirados de um lado pelos índios, os madeireiros recuam e reaparecem em outra parte da reserva, obrigando o povo Ashaninka a manter vigilância contínua numa área de mais de 87 mil hectares.

A situação é especialmente preocupante agora, já que o acampamento encontrado fica a 8 km apenas da aldeia, onde estão as mulheres e crianças Ashaninka. Benki Pianco denuncia que os invasores são perigosos. "Eles têm armas de grosso calibre e já nos ameaçaram de morte por várias vezes", disse .

A terra indígena é rica em madeira nobre como mogno e cedro. O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, tem intensificado as conversas com o governo peruano, no sentido de, juntos, combaterem as atividades ilegais na região.

O governo do Acre também tem trabalhado nesse sentido. A Secretaria Extraordinária de Assuntos Indígenas orienta as lideranças e traça as medidas legais que possam aumentar a proteção da região.

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