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Líder arrozeiro diz que grupo não deixa Raposa Serra do Sol

Agência Brasil
29 de Jan de 2008

Não há possibilidade de grandes produtores agrícolas entrarem em acordo com o governo federal para deixar a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, área de 1,7 milhão de hectares em Roraima. A afirmação foi feita hoje (29) pelo presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse não acreditar na realização de uma operação para retirar os produtores à força.
"Isso já é um assunto superado porque não tem condição de ser efetivada uma operação dessa. A população de Roraima não aceita o intervencionismo do governo federal com medidas antidemocráticas e ditatoriais", disse Quartiero.
A homologação da terra indígena, em abril de 2005, é definida pelo arrozeiro como "medida fraudulenta". Ele ressalta que a atividade agrícola gera R$ 130 milhões de faturamento bruto por ano e fortalece a economia do estado.
Quartiero desqualificou as declarações do coordenador executivo do Comitê Gestor do governo federal em Roraima, José Nagib Lima, para quem a retirada dos arrozeiros da Raposa Serra do Sol é prioridade.
"Parece até que não tem governo estadual nem representante eleito aqui", criticou o arrozeiro. "O senhor Nagib só vai para a imprensa mentir à população e acredito que faça o mesmo ao presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva], passando uma imagem diferente da realidade que acontece em Roraima."
Os reassentamentos propostos pelo governo federal aos arrozeiros são, segundo Quartiero, "campos de extermínio da população". O produtor também enxerga a influência de interesses estrangeiros nos argumentos de ambientalistas e índios que cobram a retirada dos produtores da Raposa Serra do Sol. Para ele, a classe produtora é vítima de perseguição. "Já nos chamam de grileiros, de devastadores e é tudo isso mentira. Daqui a pouco vão dizer que usamos trabalho escravo ou que estupramos não sei quem."
Quartiero também negou que todos os seus bens tenham sido bloqueados pela Justiça em razão de irregularidades que teria cometido na prefeitura de Pacaraima (RR), de onde saiu cassado por compra de votos. Admitiu apenas o bloqueio de R$ 21 mil, contra o que já recorreu.
Quartiero ironizou as acusações de corrupção. "Me acusam de ter roubado travesseiro, colchão, mesa e cadeira. Graças a Deus a prefeitura não tinha galinheiro, porque senão iam dizer que roubei as galinhas."
O líder arrozeiro reiterou não abrir mão da permanência na terra indígena. "Nós representamos a resistência de Roraima e a defesa do território nacional na Amazônia."

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