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Liberado R$ 1,3 mi para os Cinta-Larga

Maria Inês Hargreaves
Autor: Maria Inês Hargreaves
15 de Nov de 2003

O Ministério da Justiça liberou R$ 1 milhão e 300 mil para o Plano Emergencial dos Cinta-Larga, existente desde 2001, e que sofreu, este ano, problemas devido à falta de recursos para sua execução. O plano prevê ações de proteção e apoio à população indígena Cinta-Larga, entre elas segurança alimentar, incremento à produção de alimentos, diagnóstico e perícia técnica dos danos sociais, ambientais e econômicos provocados pela exploração ilegal dos recursos de seu território. A liberação ocorreu após discurso da senadora Fátima Cleide (PT) ter ido parar nas mãos do ministro da Justiça, que já havia sido informado pela Frente Parlamentar de Defesa dos Povos Indígenas.

Confúcio apóia intervenção

O deputado Confúcio Moura recebeu do deputado estadual Haroldo Santos, cópia do relatório da CPI sobre o garimpo de diamantes da Reserva Roosevelt, em Espigão do Oeste. O mesmo relatório foi encaminhado ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Comentando os dados alarmantes revelados no documento, o deputado Confúcio Moura diz que apóia o parecer da comissão parlamentar, especialmente, no que diz respeito à necessidade de intervenção federal nesta reserva, como estratégia de barrar o avanço da violência e da extração ilegal de diamantes e outras pedras preciosas na região. Reiterando a preocupação do presidente da CPI, o deputado Confúcio, afirma que somente uma ação, envolvendo órgãos federais de segurança pública, como a Polícia Federal e mesmo as Forças Armadas, além daqueles ligados à questão indígena, como a Funai e outros de fiscalização, como o Ibama e Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), irá frear a ação de contrabandistas na Reserva Roosevelt.
Polícia federal caça contrabandistas de diamantes
Agentes federais que executam a Operação Lince procuravam ontem nos estados de Rondônia e Mato Grosso o empresário Renato Marini, residente em Juína (MT), acusado de envolvimento na extração e venda ilegal de diamantes da reserva indígena de Roosevelt. Até ontem seis pessoas estavam presas, entre elas um agente federal. Dois suspeitos ficaram recolhidos em Ji-Paraná e quatro foram encaminhados a Porto Velho.
De acordo com o superintendente da PF em Rondônia, Marco Aurélio Pereira de Moura, a Operação Lince foi desencadeada há um ano. Ele confirmou a prisão de seis suspeitos - um agente federal, um advogado e quatro empresários - mas não pôde adiantar mais informações em virtude do caso estar sob segredo de Justiça.

PRISÕES
O ESTADÃO DO NORTE apurou que as prisões foram decretadas pelo juiz João Carlos Cabrelon de Oliveira, da 2ª Vara da Seção Judiciária de Rondônia. Para cumprir as ordens judiciais, a PF mobilizou cerca de 50 policiais, sendo 7 deles do COT, o Comando de Operações Táticas, sediado em Brasília.
O agente federal foi preso em Vilhena. José Cadete da Silva foi preso quando se encontrava de plantão na delegacia da PF, naquele município. Ele é acusado de repassar informações sobre as ações da PF na região, em troca de propina e responderá criminalmente por corrupção passiva, prevaricação e formação de quadrilha, estando sujeito à demissão.
Na seqüência da operação foram presos os empresários Antônio Moreira de Melo, Dirceu de Castro Miranda e Roberley Rocha Finotti, acusado de ser o intermediário da venda de diamantes extraídos ilegalmente da reserva dos Cinta Larga.
Os empresários Nilmo Pires dos Santos e Adenilson Damasceno Dodo, que já estavam presos por crimes relacionados ao garimpo, foram notificados da ordem de prisão e permanecem recolhidos em Ji-Paraná.

JUÍNA
A PF também fez buscas em Juína (MT), onde fica a casa do empresário Renato Marini, mas não conseguiu encontrá-lo.
Segundo informações, Marini já foi preso ano passado pela PF, também acusado de envolvimento com a extração ilegal de diamantes. Naquela ocasião a PF apreendeu um avião monomotor, o qual está recolhido no Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira, em Porto Velho.
Durante as buscas na propriedade do acusado, na quinta-feira, a PF encontrou cerca de mil quilates de diamantes. Também foram encontrados uma balança de precisão e um revólver calibre 38.

RESERVA
A reserva de Roosevelt, no sul de Rondônia, é ocupada por índios da etnia Cinta Larga. A área abriga a maior jazida de diamantes do mundo e já foi palco de diversos conflitos entre garimpeiros e índios.
No dia 20 de outubro passado, um grupo de oito homens foi atacado por 16 índios no local denominado garimpo do rio Laje, dentro da reserva. Quatro garimpeiros foram executados a tiros de chumbeira calibre 12. Os outros quatro escaparam da chacina.
Um dos sobreviventes, Antônio Ismério Martinho, de 43 anos, sofreu um atentado há uma semana, em casa, no município de Espigão do Oeste, numa ação típica de queima-de-arquivo. Dois homens bateram à porta de casa e o chamaram pelo apelido de Baixinho. Ao abrir a porta, Ismério foi alvejado no peito. Conseguindo escapar da morte, pela segunda vez ele foi transferido para Porto Velho, onde se encontra sob proteção da Polícia.

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