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Liberada a venda do 1º transgênico brasileiro

OESP, Vida, p. A23
11 de Dez de 2009

Liberada a venda do 1o transgênico brasileiro
Soja tolerante a herbicida foi produzida pela Embrapa em parceria com multinacional alemã

Lígia Formenti, Brasília

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem a liberação comercial do primeiro transgênico desenvolvido com participação nacional, uma soja tolerante a herbicida, produzida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a multinacional alemã Basf. A nova variedade, resultado de dez anos de pesquisa, deve concorrer com a soja Roundup Ready (RR) da Monsanto, até então a única liberada para comércio no País.

"É um enorme ganho para o Brasil", comemorou o coordenador da pesquisa, o geneticista e engenheiro agrônomo Elíbio Rech, da Embrapa. A soja transgênica deve estar disponível para safra de 2012.

Além do mercado nacional, a liberação abriu caminho para o registro do produto em mais de 20 países produtores de soja e seus derivados, entre eles a China. "Abre-se a perspectiva de um mercado grande. É uma commodity importante, o Brasil só tem a ganhar", disse Rech.

No mercado interno, a oferta de um novo tipo de soja transgênica trará dois ganhos significativos, avalia o pesquisador. Com concorrência, a tendência é que o preço caia. Além disso, há possibilidade de fazer o uso alternado de espécies, reduzindo assim o risco de resistência a um único herbicida. "É o mesmo processo que ocorre com antibiótico. Não é recomendável usar sempre o mesmo tipo para evitar que o remédio perca o efeito."

A nova soja tem um gene da Arabidopsis thaliana (uma planta modelo, muito usada para pesquisas em todo o mundo), que confere resistência a uma classe de herbicidas (imidazolinonas). A resistência permite que o herbicida seja aplicado na lavoura sem prejudicar a soja.

O gene é patenteado pela Basf. A tecnologia para a transformação genética da planta foi desenvolvida por Rech e patenteada pela Embrapa.

Monitoramento da saúde continua

Diante de polêmica, o presidente da CTNBio, Walter Colli, retirou ontem da pauta de votação sua proposta de acabar com o monitoramento de eventuais efeitos nocivos de transgênicos à saúde animal e vegetal.

"Sabia que não teria aprovação. Mas queria chamar atenção para a discussão. Coloquei o bode na sala", justificou. A resolução 5, aprovada em março de 2008, determina o monitoramento periódico dos efeitos de transgênicos liberados comercialmente. Pela proposta de Colli, permaneceria apenas a necessidade do acompanhamento ambiental. L.F.

OESP, 11/12/2009, Vida, p. A23

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