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Lentes de jovens índios será lançado hoje em Dourados

Douradosagora
03 de Jul de 2007

"Nossos Olhares", o livro que será lançado hoje, às 19h, na Textus Livraria, no Shopping Avenida Center, mostra o olhar crítico de seis jovens indígenas que foram capacitados através de um curso de fotografia e retornaram para suas aldeias com a missão de eternizar pelas lentes fotográficas o cotidiano das famílias que habitam a Reserva Indígena de Dourados. O obra retrata toda sensibilidade dos jovens Ana Cláudia de Souza, Graciela Pereira de Souza, Tânia Porto Benites, Nilcimar Cabreira Morales, Ernesto Ráulio Gonçalves e Romildo Espíndola Cabreira.

O curso de fotografia para jovens índios teve apoio do Laboratório do Imaginário e Memória (Labi) e do Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e Memória (Nime), ambos da Universidade de São Paulo (USP), além do International Working Group on Indigenous Afairs (IWGIA). O livro "Nossos Olhares" foi lançado em São Paulo na terça-feira da semana passada no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, sendo muito bem recebido pelo público paulistano.

Hoje, após "Nossos Olhares", a Textus também promove os lançamentos de duas outras obras: "Jovens Indígenas e Lugares de Pertencimentos", da antropóloga Maria de Lourdes Beldi de Alcântara, e "Povos Indígenas em Isolamento Voluntário ou em contato inicial na Amazônia e no Gran Chaco", de Alejandro Parellada, presidente da IWGIA.

"Este ensaio fotográfico tem o objetivo de apresentar como os jovens da Reserva Indígena de Dourados, tida como a mais populosa do Brasil, se relacionam com o seu lugar e, ao mesmo tempo, constróem um diálogo cultural pleno de tensão com a cidade de Dourados, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul", salienta antropóloga Maria de Lourdes Beldi de Alcântara, coordenadora da ONG que capacitou os jovens índios.

Na apresentação de "Nossos Olhares", a antropóloga lembra que a falta de trabalho se junta com as péssimas condições de vida, fazendo com que os jovens sejam expulsos de seus lugares e não aceitos nas cidades. "Dentro da Reserva eles compõem um grupo que não possui classificação para os mais velhos, os jovens não casados, atribuindo a eles tudo de ruim que acontece nela. Fora dela, só são aceitos como mão-de-obra para o corte de cana de açúcar. Exceto nesse espaço, são tidos como vagabundos, sujos e malvados", relata a antropóloga na introdução de "Nossas Imagens".

Ela explica a idéia de transformar um grupo de índios jovens em fotógrafos. "Como se constróem as identidades nessa situação? Como vivem seus lugares de pertencimentos? Foram essas as perguntas que me fiz ao propor uma oficina de fotografia para esses jovens", conta a educadora. "Quando cheguei em 1999 a essa Reserva, havia levado uma Polaroid para deixar os retratos com as pessoas que eu fotografava. Quando reparei que os jovens indígenas ao se olharem faziam uma longa reflexão deles e da Reserva, começamos a dialogar sobre as percepções que tinham deles e do entorno. As fotos tornaram-se um grande instrumento de descrição e interpretação tanto deles quanto meu", conta Maria de Lourdes Beldi de Alcântara na introdução de "Nossos Olhares".

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