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Lei dos transgenicos tera novos embates

JB, Pais, p.A4
09 de Fev de 2004

Lei dos transgênicos terá novos embates
Senado defende projeto anterior, rejeitado na Câmara
Aprovado depois de uma difícil negociação na Câmara, o projeto de lei da biossegurança chega ao Senado com a previsão de novos embates. Apesar da discussão entre os senadores ser menos emocional do que entre os deputados - até porque não existe uma bancada ruralista explícita -, não há perspectivas de facilidades para o governo aprovar o texto.
- Não gostei do que foi aprovado na Câmara. Atrelar as decisões da CTNBio e do Ministério do Meio Ambiente pode gerar uma situação esdrúxula - criticou o líder do PDT na Casa, Jefferson Peres (AM).
Peres adiantou que ainda não conversou com os demais senadores do partido, mas disse que sua tendência pessoal é aprovar o modelo adotado pelo projeto anterior, de autoria do atual ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo. O texto dava autonomia à CTNBio, composta por cientistas, para autorizar tanto a pesquisa quanto a produção e comercialização dos produtos geneticamente modificados.
O relatório do deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) aprovado na última quarta-feira deixa a CTNBio com a palavra final quanto à pesquisa. No caso da produção e comercialização, os cientistas vão elaborar um parecer técnico. Áreas do governo ligadas ao Ministério do Meio Ambiente, da Saúde e da Agricultura redigem outro parecer. Se as conclusões forem conflitantes, a resposta final caberá ao Conselho Nacional de Biossegurança, composto por 15 ministros.
- Isso me cheira a fundamentalismo - atacou Peres.
Líder do PT no Senado, Tião Viana (AC) recomendou na sexta-feira cautela aos senadores na análise do projeto dos transgênicos. Apesar de parabenizar os deputados e os ministros da Articulação Política, Aldo Rebelo, do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Agricultura, Roberto Rodrigues, pelas negociações para aprovar o texto, Viana lembrou que é um assunto difícil e polêmico.
- A votação no Senado é estratégica, podendo afetar o futuro do desenvolvimento científico e tecnológico do país - alertou.
Viana acrescentou que, ao tratar de assuntos como a clonagem, a lei envolve questões que dizem respeito não apenas às ciências da vida, à genética e à biotecnologia, mas também à ética e à religião.
O petista destacou que é preciso trazer a sociedade para o debate, passando pelo Movimento Sem Terra (MST), além de ambientalistas, cientistas e pessoas ligadas à agricultura.
Vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR) lembrou a tradição do Senado em aprofundar os projetos votados pela Câmara. Criticou a pressa do Executivo em aprovar os que precisariam de um debate mais aprofundado.
- Esse é um deles. O governo usou o rolo compressor na Câmara - atacou.

JB, 09/02/2004, p.A4.

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