LAUDO CONFIRMA: Índio foi morto com braços levantados

O laboratório de Antropologia Forense do Instituto de Medicina Legal do Distrito Federal entregou ontem ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o laudo cadavérico do índio Macuxi, Aldo da Silva Mota, assassinado em janeiro na área indígena Raposa/Serra do Sol.
O laudo aponta que a morte ocorreu por projétil de arma de fogo de cima para baixo e que no momento da produção das lesões a vítima estava com os dois braços levantados. A causa da morte foi hemorragia interna por traumatismo torácico transfixiante.
Ao receber o documento, o ministro disse lamentar profundamente que as desconfianças tenham se confirmado e disse estar chocado com a execução do índio. O ministro já determinou à Polícia Federal a intensificação das investigações e a total apuração do caso até a prisão dos criminosos.
Dois laudos foram produzidos em Roraima. O primeiro indicou que a causa morte foi natural e indeterminada. O segundo apontou que a causa da morte era indeterminada e que não havia hemorragias difusas ou localizadas no tórax. Diante da controvérsia, o Ministério Público Federal determinou o translado do corpo para Brasília e que fosse feita nova autópsia.
O CASO - No dia 02 de janeiro o índio Macuxi foi chamado à fazenda sob a alegação de que uma rês do rebanho havia invadido a área quando desapareceu. O corpo foi encontrado no dia 09 de janeiro, enterrado em cova rasa no terreno da fazenda do vereador Francisco das Chagas de Oliveira, mais conhecido na região de Uiramutã como "Chico Tripa".
Pai de nove filhos, Aldo era o responsável por conduzir os projetos de criação de gado da comunidade de Maturuca, a maior aldeia dentro da área Raposa/Serra do Sol.
Dois trabalhadores da fazenda foram presos pela Polícia Federal como os principais suspeitos pela morte de Aldo Mota, mas foram soltos por falta de provas, uma vez que no processo o único laudo que constava era o que foi produzido no IML de Roraima, que afirmava que o índio morrera de causa natural.