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Lançamento: "Os Fuzis e as Flechas: História de Sangue e Resistência Indígena na Ditadura", de Rubens Valente

Agência de Notícias Anarquistas noticiasanarquistas.noblogs.org
02 de Abr de 2017

"Os Fuzis e as Flechas", do jornalista Rubens Valente, é uma investigação jornalística de fôlego, que descreve centenas de mortes de indígenas durante a ditadura militar no Brasil (1964-85). O livro traz à tona registros inéditos de erros e omissões, relata invasões de terra, tortura, prisões arbitrárias e assassinatos de índios cometidos pelo Estado.

Durante quase dois anos, Valente entrevistou mais de oitenta pessoas, entre índios, sertanistas, missionários e indigenistas, percorreu 14 mil km de carro, esteve em dez estados e dez aldeias indígenas do Amazonas, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. O autor teve acesso aos documentos escritos, sob sigilo, pelos militares e que só começaram a ser liberados à pesquisa nos anos 2000. Foram consultadas milhares de páginas coletadas em arquivos de Brasília, São Paulo e Rio. As apurações de campo foram reforça das com a leitura de milhares de páginas de documentos cujo sigilo foi desclassificado em especial a partir de 2008.

"Este livro, apurado e escrito entre outubro de 2013 e setembro de 2015, é também o resultado da experiência e das histórias por mim acumuladas ao longo de 26 anos de reportagem para jornais de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, período em que conheci cerca de trinta terras indígenas, dentre as quais yanomami, terena, guarani, nambikwara, tapirapé e xavante", conta Rubens Valente no texto de introdução do livro.

Entre os fatos narrados, Valente revela que, pela primeira vez, militares que tiveram contato com a construção da rodovia BR-174 (Manaus-Boa Vista) reconheceram em entrevistas gravadas que souberam de mortes de índios waimiri-atroari em conflitos armados com militares na década de 70. A estrada foi aberta pelo Exército nos anos 70. Ex-operários da rodovia também disseram ter visto grupos de índios serem rendidos por soldados sob a mira de fuzis.

Em outro episódio, descrito em detalhes pelo autor, Valente conta que um documento produzido pelo SNI em 1976 levou à localização, quarenta anos depois, de uma testemunha que trabalhava para a Funai e confirmou ter presenciado o assassinato de índios korubo na Amazônia em 1975. As mortes, segundo a testemunha, ocorreram em um confronto armado com funcionários da Funai no Amazonas e haviam sido descartadas em duas investigações oficiais. A testemunha revelou, porém, que os depoimentos prestados durante a ditadura militar foram combinados com o intuito de abafar o episódio.

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