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Lago de hidrelétrica seca por causa de vazamento

OESP, Economia, p. B10
23 de Jun de 2006

Lago de hidrelétrica seca por causa de vazamento
A Usina de Campos Novos, entre SC e RS, terá capacidade de 880 MW E está incluída no cronograma do governo para começar a operar este ano
Renée Pereira

O reservatório da Hidrelétrica Campos Novos, localizado no Rio Canoas, em Santa Catarina, amanheceu seco, ontem, por causa do vazamento em um túnel de desvio do rio. O problema foi identificado em 1.o de abril, mas se agravou no fim de semana, com o aumento da vazão de água de 114 para 3 mil m3 por segundo, o que esvaziou o lago de 32,9 km2.
O Enercan, consórcio responsável pela usina, ainda não sabe explicar o que provocou o vazamento. Mas o diretor-superintendente da empresa, Enio Schneider, afirmou que uma equipe da Camargo Corrêa, que construiu a hidrelétrica, já está no local para resolver o problema. "Em 15 dias, eles terão um levantamento da situação e um novo cronograma para a conclusão da usina", afirmou.
Campos Novos é uma hidrelétrica de 880 MW e está incluída no cronograma da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O último relatório de fiscalização da agência mantinha a previsão de entrada de 586,7 MW de energia neste ano e de 293,3 MW em 2007. Schneider afirmou que a primeira turbina, com capacidade de 293,3 MW, deveria ter começado a funcionar em fevereiro.
Mas os planos da empresa - e do governo - foram atrapalhados por uma série de complicações. Dez dias depois da autorização para encher a represa, surgiu o primeiro vazamento. O problema, naquela época como agora, ocorreu num túnel feito durante a construção da barragem para desviar o rio. Com o fim das obras, as comportas desses túneis são fechadas para encher o lago.
No primeiro vazamento, a construtora responsável fez uma vedação de concreto que resolveu o problema. Mas desta vez, a técnica não funcionou. Schneider disse que não há risco para a população nem para o meio ambiente porque o projeto está preparado para uma vazão de 18 mil m3 por segundo. Em relação às questões ambientais, ele afirmou que houve uma operação para salvar os peixes do lago.
Denuncias
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), no entanto, não está satisfeito com as explicações e a postura da empresa.
O coordenador nacional do MAB, Marco Antonio Trierveiler, afirmou que a companhia perdeu a credibilidade com a população. "Campos Novos tem uma longa trajetória de denúncias. Começou a encher o lago sem licença ambiental e não resolveu todos os problemas sociais dos atingidos por barragens."
Segundo ele, a entidade vai atuar em várias frentes para que as autoridades avaliem os prejuízos causados e apliquem penalidades aos responsáveis.
Uma carta da entidade foi enviada ao representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), ao presidente da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina, ao ministro de Minas e Energia e ao presidente do Ibama.

OESP, 23/06/2006, Economia, p. B10

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