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LADRÕES DE MADEIRA FLAGRADOS EM ALDEIA INDÍGENA

Blog de Juvenal Payayá
Autor: Juvenal Teodoro
08 de Fev de 2008

O episodio foi presenciado dia 30 de dezembro, um domingo, véspera de passagem de ano, para os ladrões parecia uma ação perfeita. Tudo que presenciei gostaria de descrever com exatidão. Aconteceu assim:

Estávamos na aldeia Água Vermelha, 567 km de Salvador, Nem toda a comunidade participava da reunião na qual a diretoria da associação indígena local (AHIAV) fazia a prestação de contas. Já era tarde e a reunião se arrastava Prometia ir até a noite, nisso alguém chama uma das lideranças e avisa que algo estava acontecendo errado não muito distante dali. Convocados os guerreiros, fui um deles, acompanhávamos o cacique mais quatro lideres na ação- , esta foi minha segunda participação em uma operação de risco entre os indígenas, a primeira foi quando da retomada das Terras das Alegrias, na mesma região.

A chuva cessara, mas a estrada estava em péssimas condições de tráfego - eu era o nosso motorista. Mal tomamos a estrada percebemos a presença de homens estranhos andando apressados armados de facão, "Ladrões de madeira" disse o líder. Logo adiante flagramos o caminhão carregado de madeiras. Esta prática vem acontecendo na aldeia. São homens que da cidade que aliciam alguns índios, certamente usando a prática da corrupção, pagam para que façam a demolição de casas desabitadas dentro da aldeia, dizem que servem como "clone" de madeira não autorizada pelo IBAMA, além disso, é uma prática sórdida, pois serve para incriminar o próprio povo indígena.
Antes da demolição eles tem o cuidado de fotografar ou filmar a ação, estas fotos servirão para os fazendeiros acusarem perante a justiça que os indígenas estão vendendo as casas que receberam da União - são criminosos.

O encontro foi áspero. Houve ameaças de ambos os lados. Sabia se que a ação dos fazendeiros é elaborada e cruel. A estratégia é forjar provas e desacreditar o povo indígena perante a lei. As lideranças indígenas armadas apenas de bordunas e cacetes, mas iam dispostos a defender com a vida se preciso o território sagrado. Não se viu armas de fogo, porém não tivemos dúvidas de sua existência entre os homens ladrões de madeiras. Mesmo assim os Indígenas enfrentaram a situação sem temor e lamentaram profundamente quando o chefe de posto da FUNAI permitiu a
saída do caminhão e do caminhoneiro, sem a carga de madeira, é claro.

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