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Ladislau diz haver excesso na desocupação da Raposa

Folha de Boa Vista
Autor: Carvílio Pires
14 de Ago de 2007

Mesmo admitindo que o abalo por conta do requerimento ao Conselho Federal será tratado na reunião de hoje, o conselheiro Alexander Ladislau nega que o fato possa gerar desentendimento. Ele se disse satisfeito porque o presidente da OAB, Antônio Oneildo, não é contra a fiscalização da retirada de não-índios da reserva, caso haja indício de arbitrariedade.

Ladislau entende que o indício da irregularidade existe desde que o presidente da Assembléia Legislativa, Mecias de Jesus (PR), oficiou e pediu providências a OAB sobre a situação na reserva. "Acredito que o requerimento da Assembléia será analisado na reunião de hoje".

O conselheiro reforçou que o requerimento ao Conselho Federal foi apresentado no dia 7 de agosto, teve aprovação imediata e consta da ata da reunião que estará disponível após a aprovação na próxima sessão do conselho.

Quanto ao controle da OAB por partidos políticos, Ladislau negou ter feito a afirmação porque a opinião exposta não corresponde ao que pensa. "Disse que a nova composição do Conselho Federal está mais miscigenada, diferente de alguns anos atrás quando a maioria dos conselheiros era ligada à esquerda brasileira. Mesmo assim, isso nunca comprometeu a atuação pontual da OAB", frisou.

Outro ponto de discórdia no entendimento dos dois advogados é que o conselheiro teria afirmado tratar-se de racismo o fato de o não-índio casado com índia ou vice-versa conviver na aldeia. Conforme ele, a resposta foi precedida da abordagem de que estudos genéticos comprovam que é impossível a olho nu identificar a origem étnica de um brasileiro.

"Há julgado do Supremo Tribunal Federal entendendo pela existência de uma única raça, a humana. Depois, externei opinião pessoal de que a segregação familiar, por qualquer motivo, pode ser considerada como racismo. Exemplo do senhor conhecido como Curica, dado na entrevista. Ele é não-índio casado com uma índia. Disseram que a esposa poderia ficar na reserva e ele deveria sair. Entendo que isso pode ser considerado racismo", declarou.

O conselheiro rebateu a acusação de que tenha vínculo profissional com o presidente da Associação dos Arrozeiros, Paulo César Quartiero. Ele teria trabalhado em parceria com o escritório Lacombe e Neves Advogados Associados, de Brasília. Nessa condição assinou recurso especial protocolado no Tribunal Regional Eleitoral que deverá ser apreciado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

"Jamais recebi dinheiro do senhor Paulo César, seja por honorários advocatícios ou outra modalidade. Vale acrescentar que a matéria do recurso era eleitoral e não questionava qualquer assunto Raposa Serra do Sol. Tenho tranqüilidade que agi com minha consciência ao apresentar o requerimento no Conselho Federal. O fiz livre de qualquer intervenção externa", destacou Alexander Ladislau.

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