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Autor: Amanda Queirós
09 de Out de 2017
Em plena ditadura militar, em meio a um discurso ufanista e com um cenário de censura às artes, o Ballet Stagium conseguiu transformar "Kuarup" em um feito.
Coreografada por Décio Otero em 1977, a peça do grupo paulistano se arriscou ao denunciar, com um estilo de dança moderno, o genocídio indígena que se passava então nos rincões brasileiros.
Com uma movimentação simples, inspirada no cotidiano dos índios, e apostando no peso do coletivo, a companhia fez uma obra contundente e ainda hoje atual.
O trabalho é reencenado mais uma vez, nesta segunda-feira (9) e terça-feira (10), no palco onde estreou, o Theatro Municipal, numa comemoração gratuita de suas quatro décadas de criação.
O trabalho foi inspirado pela música dos índios da região do Alto e Baixo Xingu. É ela que embala a movimentação dos bailarinos, trajados com figurinos idealizados pelo estilista Clodovil Hernandez (1937-2009).
As roupas sintonizam com o teor político da obra. Eles surgem com trajes que aludem à indumentária indígena, mas também com macacões de operário: os homens de verde, as mulheres de amarelo, numa referência explícita à bandeira brasileira.
Reencenar "Kuarup" significa também celebrar a história do grupo, dirigido por Márika Gidali. Afinal, diferentes gerações já participaram das cerca de 400 apresentações da obra desde a sua criação.
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