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Kaxararis pedem apoio à Aleac para explorar jazidas de pedra

O Rio Branco-Rio branco-AC
Autor: Pedro Paulo
20 de Mar de 2003

Caciques Kaxararis, da reserva indígena que faz divisa entre os estados do Acre, Rondônia e Amazonas, estiveram ontem na Assembléia Legislativa do acre (Aleac) para pedir apoio aos deputados. Eles querem que o Estado dê aval ao projeto deles para a exploração industrial e comercial das riquezas contidas nos 160 mil hectares da área. Entre elas, a exploração das jazidas de brita, que pode ser comercializada com o governo acreano na pavimentação de rodovias.

A parceria dos Kaxararis com o Governo foi sugerida pelo deputado Moisés Diniz (PC do B). Os deputados presentes na sessão de ontem se reuniram com os caciques Alberto Cezar Kaxarari (comunidade Pedreira), Darci Souza da Silva (comunidade Paxiúba), Jorge Pinheiro da Costa (comunidade Marmelinho) e José Ambrósio da Silva (comunidade Barrinha).

Os índios denunciaram a exploração da área, agravada em 1988 pela invasão das terras para exploração das jazidas pela construtora Mendes Júnior. A empreiteira explorou as pedreiras e depredou a área para promover o asfaltamento da BR-364 entre Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC).

O caso já virou ação no Ministério Público Federal, mas estaria caminhando a passos lentos. Os membros da etnia não receberam nada da construtora e pedem hoje cerca de R$ 15 milhões de indenização. "Vamos retomar o caso e cobrar mais agilidade da Justiça para apuração dos fatos e punição dos responsáveis", garantiu Diniz. Os caciques entendem que se o governo Lula já autorizou que outros dois povos índios explorem as riquezas de suas áreas, o mesmo pode acontecer para beneficiá-los, disse o parlamentar.

Os Kaxararis são sobreviventes da violência dos brancos na Floresta Amazônica. Hoje, ao todo, eles somam cerca de 470 índios, que estão ameaçados pela malária e pela tuberculose.

O cacique Alberto Kaxarari disse que uma equipe da Funasa está atuando na aldeia e que das lâminas coletadas para identificação da malária na comunidade, cerca de 50% tiveram resultado positivo da malária vivax e falciparum. Segundo ele, a malária matou o pajé dos Kaxararis e hoje a tribo não tem quem zele pela cura dos sobreviventes nos rituais de pajelança. O também cacique Darci Souza da Silva conta que nos últimos 13 anos 14 índios morreram de tuberculose e a doença ainda existe na comunidade.

Para chegar ao seio dos 160 mil hectares da reserva Kaxararis, o deputado Moisés Diniz explicou que é necessário percorrer 30 quilômetros de ramal da BR-364 nas proximidades da Vila Extrema (RO). Destes 30 quilômetros de estrada inóspita, 28 foram abertos pelos índios a pá, inchada e picareta. Ele disse também que os poucos Kaxararis que restam no Brasil sobrevivem da venda de castanha e da produção de borracha.

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