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Kariri-Xocó recebe água potável

Site da Funasa-Brasília-DF
13 de Ago de 2004

Os kariri-xocós começaram a receber hoje água potável diretamente em suas casas. O sistema de abastecimento, um dos mais modernos da região, foi concluído nessa semana após um investimento de R$300 mil feito pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Antes, a aldeia, que tem população de 2.550 índios e fica no município de Porto Real do Colégio (AL), era abastecida com água extraída diretamente do Rio São Francisco e tratada com a adição manual de cloro.

O sistema é completamente computadorizado e foi montado para executar todas as etapas de tratamento de água, como clareamento e clorificação. De acordo com Ricardo Valença, coordenador regional da Funasa (Core-AL), até 2005 também será instalado na aldeia um sistema de esgotamento sanitário, que irá consumir R$ 100 mil em recursos da Fundação. "Pretendemos, nos próximos anos, expandir o tratamento de água e esgotamento sanitário para outras aldeias de Alagoas".

Mãe de três filhos, a kariri-xocó Alcides Felismino dos Santos, 27 anos, disse estar aliviada com a implantação do sistema. "Agora podemos lavar as frutas e verduras que comemos com água limpa. Isso nos traz um alívio muito grande, principalmente em relação às crianças que viviam doente por causa da água que recebíamos", relata.

No meio do caminho porcos, cabras, cachorros

O caminho utilizado ao se ir para a escola é o mesmo em que os porcos fuçam a lama. Na aldeia Kariri-Xocó é assim: animais e crianças vivem lado a lado. O resultado dessa convivência é uma população com a saúde enfraquecida pela verminose, um dos principais problemas da comunidade. E debater sobre a importância de se manter animais isolados foi um dos temas abordados no terceiro dia da Oficina de Ações para Mobilização Social e Educação em Saúde, que acontece até o próximo domingo (15) na Escola Indígena Pajé Francisco Queiroz Suira, no município de Parque Real do Colégio (AL).

Na parte teórica, os índios debateram a questão e apontaram as primeiras soluções para o problema. "Temos que fazer reuniões semanais com vários grupos de família para informar que os bichos não podem ficar soltos porque eles trazem doenças para as crianças", propôs Edjane Tononé, 20 anos. "Vivemos como vivíamos há 500 anos. Temos os mesmos problemas do passado e precisamos mudar. Como? Com a parceria. Podemos solicitar que a prefeitura libere um caminhão e trator para que nós mesmos melhoremos as ruas da aldeia", sugeriu Ivanildo dos Santos, que aos 36 anos é pai de 11 filhos. "Preciso melhorar as condições da aldeia porque eles serão os principais beneficiados", concluiu.

Além de debater sobre os animais soltos na rua, os kariri-xocós também abordaram a racionalização no uso da água, o tratamento de resíduos sólidos. Além disso, tiveram aulas sobre como fazer a compostagem, a partir das cascas e sobras de alimentos, para utilização nas hortas comunitárias feitas nesta quarta-feira (11), durante a oficina. Em relação à água, os kariri-xocós, em geral, não têm a consciência sobre a importância de economizá-la. Em várias casas há vazamentos em torneiras e vasos. Para tentar resolver o problema, a própria comunidade propôs, nos próximos meses, visitar várias residências para falar sobre o assunto.

A Oficina de Ações para Mobilização Social e Educação em Saúde é um projeto piloto da Funasa. Foi lançado em maio deste ano nas aldeias Geripanco, no município de Pariconha (AL), e Kariri-Xocó, que fica no município de Porto Real do Colégio (AL). O principal objetivo é mobilizar as comunidades para a promoção da saúde, com o cultivo de hortas, incentivo ao esporte e ao saneamento ambiental.

Em cada aldeia, a fase inicial do projeto dura 12 semanas. Neste período, a comunidade debate, desenvolve e executa estratégias para a solução dos problemas definidos por ela própria como prioritários para aldeia. A expectativa é a de que, passada a fase, os índios estejam suficientemente mobilizados para encontrar, eles mesmos, soluções para os problemas da comunidade.

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