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"Kapinawá: benditos, sambas de coco e toantes"

Nepe
29 de Nov de 2005

O LEME (Laboratório de Estudos em Movimentos Étnicos) da UFCG
(Universidade Federal de Campina Grande) tem a satisfação de anunciar o
lançamento oficial do CD "Kapinawá: benditos, sambas de coco e toantes"
(17 faixas com duração total de 56'56''). O CD teve como produtor geral o
professor da UFCG, antropólogo, Dr. Rodrigo de Azeredo Grünewald (que no
momento se encontra nos E.U.A. - Califórnia, na Universidade de Berkeley -
como "Visiting Scholar") e como co-produtores o professor da UFRN,
antropólogo, Dr. Edmundo Pereira (etnomusicólogo e técnico da gravação) e
o antropólogo Marcos Alexandre dos S. Albuquerque
(pesquisa), doutorando em sociologia na UFPB/UFCG (PPGS).

O projeto deste CD nasceu de uma demanda do próprio grupo indígena
Kapinawá. Os Kapinawá (2000 pessoas) descendem de índios que foram
aldeados no século XVIII na Serra do Macaco, entre os municípios de
Buíque, Tupanatinga e Ibimirim, no Vale do Ipanema, sertão do Moxotó,
Pernambuco. Até início dos anos 1970, esta descendência indígena
expressava-se através da memória e das narrativas dos mais velhos, foi
nesta época que os Kapinawá sofreram a pior investida de latifundiários
contra seu território. O embate contra o cercamento de suas terras levou a
uma mobilização coletiva que durou anos. Em 1979 é levantado um
cruzeiro no terreiro onde se passa a dançar o Toré (o Toré é a principal
expressão artístico - político - religiosa dos índios do Nordeste
brasileiro), e em 1984 a área é reconhecida como território indígena pela
FUNAI e os grileiros recuam. Além de toantes do Toré, o samba de coco -
que no passado era realizado na tapagem das casas para assentar o chão de
barro - foi também retomado e sacralizado nos terreiros de Toré, os
benditos entoados na capela de São Sebastião (padroeiro da aldeia), e
agora também nos terreiros, completam o conjunto do repertório Kapinawá
que longe de ser baseado apenas em músicas antigas, é constantemente
recriado no presente com novas composições.

O CD teve como patrocinador o Banco do Nordeste (BNB) através do
Programa BNB de Cultura (edição de 2005) e apoio do LACED (Laboratório de
Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento) do Museu Nacional da
UFRJ. Setecentas cópias do CD (do total de mil) foram entregues no dia
26/11/2005 na aldeia sede dos Kapinawá, a Mina Grande, local em que foram
captadas as músicas e onde foi realizada uma grande festa (Toré) para
comemorar esta grande vitória.

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