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Justiça ordena saída de invasores de usina de Tucuruí

OESP, Nacional, p. A20
08 de Dez de 2007

Justiça ordena saída de invasores de usina de Tucuruí
Polícia aguardava fim de reunião com governo para tirar manifestantes

Carlos Mendes

A Justiça Federal determinou ontem a desocupação do canteiro de obras das eclusas da usina hidrelétrica de Tucuruí, invadido na quarta-feira por 300 famílias, mas até o final da tarde a decisão não havia sido cumprida. Uma tropa do Batalhão de Choque da Polícia Militar deslocou-se de Belém e esperava o resultado de reunião entre representantes do governo federal e líderes dos invasores.

A ocupação foi feita por pessoas que perderam suas casas e cobram pagamento de indenizações das Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte).

Na quinta-feira, os invasores incendiaram dois tratores, um ônibus e um caminhão da Construtora Camargo Corrêa, responsável pela obra. A empresa retirou seus operários do canteiro e paralisou o serviço. Ela teme que outros 16 veículos que ficaram na área também sejam incendiados.

Ao tomar conhecimento de que a PM iria retirá-los, eles avisaram que iriam resistir e "morrer lutando". O líder do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Roquevan Alves da Silva, um dos organizadores da invasão, estaria na iminência de ser preso, segundo boato espalhado entre os manifestantes.

Em represália, os invasores também ameaçam destruir uma fábrica de gelo localizada dentro do canteiro. Na fábrica, segundo nota distribuída pela Camargo Corrêa, há reservatório com 7.500 kg de amônia, produto de alta toxicidade e que se torna explosivo em concentrações de 15% a 30% em volume, podendo ser letal. "Caso provoquem o vazamento da amônia, podem causar um grave acidente ambiental e colocar suas vidas em risco", diz a empresa, que pediu a intervenção da Polícia Federal, responsável pelo licenciamento do produto.

A construtora informou ter entrado em contato com as autoridades, para garantir as condições de segurança no local e "buscar a melhor solução para o incidente". O capitão Cristiano Lima, comandante do Tático da Polícia Militar, disse que seus 70 homens - armados com bombas de efeito moral, escudos, máscaras contra gases e balas de borracha - só entrariam no canteiro para retirar as famílias se as negociações com o governo fracassassem.

No meio da tarde veio uma ordem de Belém, atribuída à governadora Ana Júlia (PT), para que a PM deixasse o local porque tudo se resolveria com o diálogo. Para a coordenadora do MAB, Euvanice Furtado, a responsabilidade por tudo de ruim que vier a acontecer será da Eletronorte, acusada de "lavar as mãos" para um problema que se arrasta há mais de 20 anos.

A Eletronorte nega que esteja em negociações com o MAB e diz que pediu a reintegração de posse do local à Justiça.

OESP, 08/12/2007, Nacional, p. A20

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