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Justiça interrompe construção de parque na Chácara Flora

FSP, Cotidiano, p. C9
16 de Set de 2008

Justiça interrompe construção de parque na Chácara Flora
Parte da área em que está sendo implantado o parque Alto da Boa Vista é objeto de disputa entre prefeitura e empresa
Projeto visa compensação ambiental para atenuar danos causados pela remoção de 316 árvores para construção de loteamento

José,Ernesto Credendio
Da reportagem local

A Justiça paralisou a implantação do parque municipal Alto da Boa Vista, na Chácara Flora (zona sul), que está sendo construído em parte de terreno que é objeto de litígio entre a prefeitura e a Tecelagens Unidas.
A empresa alega na Justiça ser proprietária de cerca de 31 mil m2 da área, aproximadamente dois terços do terreno do projeto original do parque, que a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente espera concluir ainda neste ano.
O parque, criado por decreto de 2003, fica na rua Vigário João de Pontes com rua Visconde de Porto Seguro. A área é de preservação permanente.
O juiz Ronaldo Frigini, da 1ª Vara da Fazenda Pública, determinou ainda que a prefeitura retire as placas que identificam a obra e reconstrua o muro derrubado, sob pena de recolher multa diária de R$ 10 mil.
O parque foi projetado como medida de compensação ambiental para atenuar os danos provocados pela remoção de 316 árvores, algumas delas centenárias, pela Campuig, dona do terreno, de 85,7 mil m2. A obra do parque foi estimada em cerca de R$ 4 milhões.
A Campuig e outra empresa, a JMT, que é dona de um terreno ao lado, obtiveram autorização para remover do local um dos maiores maciços arbóreos de São Paulo, que podia ser visto a 10 mil metros de altitude.
Os dois terrenos, juntos, formavam um bosque de 149,4 mil m2 -três vezes o parque Trianon, na avenida Paulista, ou 21 campos de futebol.
A empresa está construindo um loteamento com terrenos a partir de 600 m2 e valor de R$ 1,5 milhão. Para obter autorização, assinou um termo em que se comprometeu a doar ao município 23 mil m2, hoje integrados à área de litígio vizinha, para a implantação do parque.
"Meu cliente foi vítima. Temos a titulação, os documentos [do terreno]", afirma o advogado Cleyton da Silva Franco, que defende a Tecelagens Unidas.
O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, disse via assessoria de imprensa que manterá o projeto do parque, mesmo com o imbróglio judicial: "A prefeitura é proprietária do terreno e está se defendendo na Justiça. Trata-se aparentemente de caso antigo de grilagem".
A suspensão da obra foi informada pelo chefe-de-gabinete do secretário, Hélio Neves, durante reunião na sexta-feira com diretores da Sababv (Associação dos Amigos de Bairro Alto da Boa Vista).
A ONG vem cobrando a implantação do parque há anos e, em 2004, conseguiu reunir documentos que atestariam que se trata de uma área pública. A idéia é manter o local, a uma altitude de 800 metros e com uma nascente, preservado.
"O projeto é de um parque contemplativo. Ficamos perplexos com a notícia", disse a secretária da ONG, Maria Cecília Carneiro de Oliveira.
Quando o acordo foi assinado, a própria Secretaria do Meio Ambiente disse que nenhuma compensação seria suficiente, pela perda de um maciço arbóreo na área urbana.

FSP, 16/09/2008, Cotidiano, p. C9

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