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Justiça do Pará anula julgamento de acusado de matar Dorothy Stang

FSP, Brasil, p. A8
18 de Dez de 2007

Justiça do Pará anula julgamento de acusado de matar Dorothy Stang
Advogado afirma que houve `cerceamento de defesa'; nova data não foi marcada

Da agência Folha

A Justiça do Pará anulou ontem o segundo julgamento de Rayfran das Neves Sales, que aconteceu em outubro. A defesa do suspeito, acusado de matar a missionária Dorothy Stang, argumentou que houve falhas cometidas pelo juiz responsável no processo.
Dorothy, americana naturalizada brasileira, foi morta em fevereiro de 2005, no interior do Pará quando se dirigia a uma reunião com agricultores em Anapu. Ela tinha 73 anos.
Em 2005, Rayfran foi condenado a 27 anos de cadeia. Como a pena excedeu 20 anos, ele teve direito a um segundo julgamento, em que a condenação foi confirmada.
Segundo o argumento acatado pela Justiça ontem, o juiz não levou ao júri uma das teses levantadas pelo advogado do acusado, César Ramos. Ele reclamou de um "cerceamento de defesa" no processo.
A tese era que havia um atenuante no crime: segundo a defesa, a vítima chegou a ameaçar o acusado antes do crime, o que configuraria "homicídio privilegiado" e poderia reduzir a pena do suspeito em até um terço.
Segundo o advogado, havia também jurados que não poderiam atuar por terem participado do primeiro julgamento.
Havia a possibilidade de a pena ser reduzida por conta dos problemas levantados pelo advogado, mas os desembargadores do Tribunal de Justiça preferiram anular o julgamento.
Ainda não foi decidida a nova data. A definição só deve acontecer em 2008, segundo o Tribunal de Justiça do Pará.
No julgamento, ao ser interrogado, Rayfran, que continua preso, disse ter matado a missionária a tiros, mas negou que tivesse sido contratado por fazendeiros para assassiná-la.
Outro acusado da morte de Dorothy, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, apontado como o mandante do crime, já foi condenado a 30 anos de prisão, mas deve passar por novo julgamento no próximo ano.
Outro julgado pelo crime foi Amair Cunha, condenado a 18 anos de prisão em 2006 pela acusação de intermediar o crime. (Felipe Bächtold)

FSP, 18/12/2007, Brasil, p. A8

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