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Justiça decreta prisão de 6 no Paraná

OESP, Nacional, p. A13
12 de Dez de 2007

Justiça decreta prisão de 6 no Paraná
Eles foram denunciados, juntamente com outras 13 pessoas, por envolvimento no confronto na Syngenta

Evandro Fadel

O Ministério Público Estadual em Cascavel (PR) concluiu, ao apresentar denúncia contra 19 envolvidos no confronto na estação experimental da Syngenta, que o sem-terra Celso Ribeiro Barbosa foi o autor do tiro que matou o segurança Fábio Ferreira, enquanto Rodrigo de Oliveira Ambrósio foi o responsável pelo tiro que vitimou o sem-terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno.

Os dois tiveram prisão preventiva decretada, mas estavam foragidos ontem. O confronto na Syngenta, em Santa Teresa do Oeste (PR), aconteceu no último dia 21 de outubro.

Segundo a promotora Fernanda Nagl Garcez, a conclusão em relação ao sem-terra foi possível graças à análise das provas técnicas: "O laudo de levantamento no local do crime, de reconstituição, pelo depoimento do Celso quanto à posição que estava, pelos laudos que atestam entrada e saída das balas e depoimentos de outras pessoas". O interrogatório dos réus na Justiça está marcado para o dia 20.

Também ontem, a Justiça de Cascavel decretou as prisões preventivas de Nerci de Freitas, proprietário da empresa NF Segurança, de dois funcionários da companhia (Alexandre Magno Winche Almeida e Alexandre de Jesus) e da líder do Movimento dos Sem-Terra (MST) na região, Célia Aparecida Lourenço.

Eles fazem parte da lista de denunciados pela prática de delitos relacionados à morte de Fábio e de Keno. A polícia cumpriu os mandados contra Freitas, Almeida e Jesus. A líder do MST na região era considerada ontem foragida.

A denúncia abrange ainda outras 13 pessoas, entre elas o presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO), Alessandro Meneghel, acusado de formação de quadrilha armada, exercício arbitrário das próprias razões e lesões corporais leves. "O Ministério Público entendeu que várias pessoas concorreram para os atos", informou a promotora Fernanda.

O presidente da SRO disse que vai se defender das acusações. "Nós apenas queremos que o direito de propriedade seja respeitado, contratamos empresas autorizadas pela Polícia Federal e só o fazemos porque o Estado não cumpre sua função de nos dar segurança", alegou Meneghel. A advogada dos seguranças, Edinéia Sicbneihler, acredita que agora haverá imparcialidade.

"É um voto de credibilidade, pois a gente tem confiança no Poder Judiciário de que todas as pessoas envolvidas e citadas no inquérito agora irão responder e se defender criminalmente", afirmou.

Em nota, a Via Campesina disse que "os trabalhadores que foram vítimas do ataque-surpresa da milícia armada da Syngenta estranhamente estão sendo indiciados como suspeitos do crime". Anteontem, em Paulínia (SP), cerca de 100 sem-terra ocuparam a unidade de produção de agrotóxicos da empresa. O protesto fez parte da campanha "Syngenta Fora do Brasil", lançada após a morte de Keno.

LIMEIRA

Ao menos 600 sem-terra invadiram ontem de novo as três áreas do acampamento Elizabeth Teixeira, no Horto Florestal Tatu, em Limeira (SP). Eles tinham sido retirados do local pela Polícia Militar no último dia 29. Segundo a coordenação do MST na região, a reocupação ocorreu pois a reintegração de posse pedida pela prefeitura e concedida pela Justiça em novembro é irregular. A reocupação foi pacífica, mas homens da Guarda Municipal permaneciam no local.

OESP, 12/12/2007, Nacional, p. A13

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