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Justiça barra despejo de índios caiovás

OESP, Nacional, p. A13
31 de Out de 2012

Justiça barra despejo de índios caiovás
Desembargadora garante que tribo fique em área invadida até conclusão da demarcação

MARIÂNGELA GALLUCCI / BRASÍLIA

A desembargadora Cecilia Mello, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3.ª Região, garantiu ontem à comunidade de índios guarani caiová o direito de permanecer em uma área da Fazenda Cambará, em Iguatemi (MS), até que sejam concluídos os trabalhos de delimitação e demarcação das terras disputadas pelos índios e fazendeiros.
O local é objeto de um processo de reintegração de posse. Em setembro, uma decisão da Justiça havia determinado que os índios desocupassem a área. "O caso dos autos reflete, de um lado, o drama dos índios integrantes da comunidade indígena Pyelito Kue que, assim como outros tantos silvícolas brasileiros, almejam de há muito a demarcação de suas terras. E, de outro lado, o drama não menos significativo daqueles que hoje ocupam terras supostamente indígenas que, na maioria das vezes, adquiriram a propriedade ou foram imitidos na posse de forma lícita e lá se estabeleceram", afirmou a desembargadora na decisão.
Segundo ela, a situação mostra a "total ausência de providências" por parte do poder público relativas à demarcação das terras. "A inércia e a morosidade do procedimento administrativo contribuem para provocar tensões e conflitos entre índios e fazendeiros, restando ao Poder Judiciário responder ao embate apresentado."
A aldeia guarani caiová, com cerca de 170 índios, está em uma área de mata ilhada na divisa da Reserva Sassoró com a Fazenda Cambará. A presença do grupo na área foi decretada ilegal pela Justiça Federal há um mês e os indígenas foram condenados a deixar o local. Mas eles se negam a sair e prometem resistir à ordem judicial de despejo.
O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, responsabilizou a Funai pelo impasse resultante da decisão de retirar os índios do local e disse não acreditar na ameaça de os índios se matarem se forem retirados à força da área.
Ontem, o PT divulgou nota em apoio à determinação dos índios de resistirem à tentativa de retirada da terra. "A luta dos povos guarani e caiová, em Mato Grosso do Sul, pela ocupação de suas terras tradicionais é uma determinação legítima, que resiste a todo o tipo de violência. É justo que a população indígena lute pela ocupação e pelo reconhecimento de seus territórios tradicionais", diz a nota, assinada pelo presidente nacional do partido, Rui Falcão.
O texto lembra que o governo Lula, atendendo à reivindicação desses povos, instituiu seis grupos de trabalho, em 2008, para a identificação e delimitação de terras guarani caiová no cone sul de Mato Grosso do Sul. "O PT se solidariza com o povo guarani caiová quanto à sua luta pela retomada de suas terras e a necessidade de se fazerem cumprir os prazos acordados para o adequado encaminhamento do processo de regularização fundiária das suas terras tradicionais."

OESP, 31/10/2012, Nacional, p. A13

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