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Julgamento de acusado de mandar matar freira é adiado

OESP, Nacional, p. A17
24 de Out de 2007

Julgamento de acusado de mandar matar freira é adiado

Carlos Mendes

O Tribunal de Justiça do Pará adiou ontem o segundo julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária americana Dorothy Stang. O julgamento estava marcado para amanhã, mas a defesa pediu mais tempo, alegando motivos de saúde. Segundo o juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, ele deve ficar para o início do ano que vem, pois o cronograma deste ano já está fechado.

Dorothy foi morta aos 73 anos, em fevereiro de 2005, em Anapu, a 500 quilômetros de Belém. Ela foi atingida por 9 tiros em uma emboscada. Em maio, Vitalmiro foi condenado a 30 anos de prisão. Como a pena é superior a 20 anos, ele tem direito ao segundo julgamento.

O pistoleiro Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, assassino da missionária, foi julgado novamente na segunda-feira e o júri manteve a sentença a 27 anos de prisão, dada em dezembro de 2005. A sentença foi lida quase à meia-noite, depois de mais de 15 horas de sessão. O pistoleiro alegou que foi ameaçado por Dorothy e a matou em "legítima defesa".

Seu advogado, César Ramos, contou que pode pedir a anulação do julgamento de segunda-feira, pois dois dos sete jurados já tinham participado do primeiro julgamento de Vitalmiro. Ele ressalvou que só decidirá sobre o recurso depois de conversar com Rayfran, que ontem começou a cumprir a pena no Centro de Recuperação do Coqueiro, em Belém.

FAMÍLIA

O irmão de Dorothy, David Stang, ficou satisfeito com a condenação de Rayfran. "O que nós queremos é que a mesma justiça seja feita com a condenação dos fazendeiros Vitalmiro Moura e Regivaldo Galvão", disse ele, que veio dos Estados Unidos para acompanhar o julgamento. Já foram condenados no processo o capataz Amair Feijoli e o pistoleiro Clodoaldo Batista. Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, segundo denunciado como mandante do assassinato, é o único que ainda não foi julgado.

Para Virgínia Moraes, uma das coordenadoras do Comitê Dorothy Stang, a mobilização vai continuar até o julgamento dos dois acusados de encomendar o crime. David Stang disse que acredita na Justiça brasileira e prometeu voltar com outros parentes nos próximos julgamentos. "Minha irmã foi morta porque queria fazer com que a lei acontecesse naquela região", resumiu. Em Anapu, Dorothy tentava implantar um projeto de desenvolvimento sustentado com pequenos agricultores. Isso contrariava interesses de grandes fazendeiros, alguns acusados de grilagem e desmatamento.

OESP, 24/10/2007, Nacional, p. A17

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