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Juiz manda desarmar grupos

Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT-
Autor: Márcia Oliveira
19 de Nov de 2003

Juiz determina que PF desarme 400 posseiros e cerca de 300 índios xavantes, entrincheirados na BR 158, que estão na iminência de um confronto

Índios xavantes tentam voltar para a reserva indígena, mas são impedidos pelos posseiros

O juiz da 5ª Vara Federal, José Pires, determinou ontem à Polícia Federal que cumpra, com urgência, o desarmamento dos 400 posseiros e dos cerca de 300 índios xavantes, entrincheirados na BR 158, e que estão na iminência de um confronto armado sem precedentes, no município de Alto da Boa Vista (distante 1.019 quilômetros de Cuiabá).

Os grupos brigam pela posse de 160 mil hectares da reserva indígena Suiá-Missu, homologada em nome da União há quatro anos. O palco da discussão já foi considerada a maior fazenda de gado do mundo, na década de 60, com 1 milhão de hectares, quando pertenceu à holding italiana Lukifarma, dona da Agip no Brasil. E está localizada entre Boa Vista e São Félix do Araguaia.

O pedido de desarmamento foi feito ontem pelo procurador da República, Osvaldo Sowek, diante da informação, extra-oficial, da morte de um posseiro que teria tentado negociar pacificamente com os índios. O posseiro teria sido morto, por seus companheiros, como um traidor. Mas até o fim da tarde de ontem a informação não havia sido confirmada nem pela Polícia Militar, que mantém 40 homens na região, nem pela Polícia Federal, que encaminhou para lá 19 agentes e um delegado.

Segundo o procurador da Funai em Cuiabá, César do Nascimento, a rivalidade entre índios e posseiros teria começado em 1995, anos após os empresários italianos reconhecerem, na Eco 92, que tomaram as terras dos xavantes e que a devolveriam. Porém, eles não cumpriram a promessa e a Funai, junto ao MPF, entrou com ação civil pública na Justiça, pedindo que a posse seja devolvida ao povo xavante. A ação foi movida há oito anos e o conflito acirrado na terça-feira (11), por decisão judicial. José Pires autorizou, há cerca de 15 dias, que os xavantes entrem na área, com a PF, e que esta última faça um inventário da situação nas terras. "Eles foram à campo, mas foram mal recebidos. Posseiros, com apoio de políticos, tentaram suborná-los. Então, os índios armaram-se para a guerra", contou Nascimento.

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