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Juiz convoca bispo a provar manobra no caso Dorothy

OESP, Nacional, p. A10
16 de Fev de 2006

Juiz convoca bispo a provar manobra no caso Dorothy
Em resposta, d. Erwin diz que presidente do TJ deveria ter lido sua homilia

Em carta longa e indignada, o presidente do Tribunal de Justiça do Pará, desembargador Milton Augusto de Brito Nobre, convocou ontem o bispo da Prelazia do Xingu, d. Erwin Kräutler, a comparecer ao tribunal e provar, "no prazo máximo de dez dias", as afirmações que fez ao Estado, publicadas no dia 13, de que existiria "uma manobra dos governos federal e do Estado do Pará, com cumplicidade da Justiça, para encerrar as investigações do assassinato da irmã Dorothy Stang, sem que todos os responsáveis sejam identificados e processados".
Irritado com as acusações feitas à Justiça paraense, Brito Nobre pede ao bispo para "comprovar tais assertivas, inclusive com seu depoimento pessoal e a indicação precisa da cumplicidade que alardeia e une Judiciário e Executivo em manobras espúrias, sob pena de ter que desmenti-las pelos mesmos meios utilizados para denegrir a imagem da Justiça".
As declarações do bispo foram feitas no aniversário da morte de irmã Dorothy, ocorrida em Anapu, no interior do Pará. Ele pediu à Justiça, na mesma entrevista, que "deixe de ser conivente com os criminosos ricos e não empurre suas decisões com a barriga". Em sua resposta, Brito Nobre diz que acreditava, "não apenas como autoridade, mas como católico", que o bispo "tivesse um mínimo de responsabilidade e comedimento nas críticas às instituições nacionais".
De Manaus, onde está reunido com os bispos da região, d. Erwin respondeu ontem mesmo ao desembargador. Disse entender sua revolta, mas negou as declarações publicadas no jornal. "Jamais falei em manobra dos governos federal e do Estado do Pará com cumplicidade da Justiça", afirmou. "Essas palavras nunca saíram da minha boca!"
Segundo d. Erwin, Brito Nobre deveria tê-lo ouvido antes de se manifestar. Para saber o que realmente falou, deveria conhecer a homilia que leu durante a missa. Lá ele comentava assim a impunidade dos assassinos: "A morte da irmã foi programada até os mínimos detalhes e os culpados não são apenas aqueles que hoje estão presos condenados ou aguardando julgamento."

Acusações foram feitas no dia 12
As declarações do bispo d. Erwin Kr‰utler que deram origem ao trecho questionado foram dadas a veículos regionais e nacionais repetidas vezes no dia 12. "A Justiça é também culpada por esse clima de violência e pela impunidade", disse. "Apelo à Justiça para que deixe de ser conivente como tem sido", afirmou. "Se alguém no governo sopra: 'Vamos devagar', a Justiça pisa no freio."

OESP, 16/02/2006, Nacional, p. A10

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