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Jovens quilombolas de Oriximiná recebem capacitação para contar suas histórias em vídeos

G1 g1.globo.com
05 de Fev de 2018

O clichê "a internet é o mal do século" foi deixado de lado para, pelo menos, 30 jovens dos oito territórios quilombolas do município de Oriximiná, oeste do Pará. Eles participaram de uma oficina na última semana de janeira, que visou promover o empoderamento a partir do uso de plataforma virtual de vídeos.

A capacitação que foi realizada na comunidade de Jarauacá, localizada às margens do Rio Acapu, é parte do Programa Novas Tecnologias e Povos Tradicionais, da Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) em conjunto com a Google Earth Outreach, Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid) e o Territórios Sustentáveis.

O programa já atua em várias regiões e tem objetivo de levar às comunidades parceiras instrumentos que oportunizam a divulgação de suas origens. "Nós estamos trabalhando com o Google Terra, ODK e o Youtube que são ferramentas de empoderamento para que o mundo possa ouvir a história quilombola", explicou Muryel Arantes, coordenadora do Programa Novas Tecnologias YouTube Calha Norte.

A capacitação durou dois dias. Por meio de criação de um canal, técnicas básicas de filmagem, edição, publicação dos vídeos e potencialidade da ferramenta, os participantes distinguiram o papel do jovem como protagonista e a necessidade das parcerias para a realização de ações que possibilitem o empoderamento das comunidades.

"Falamos em várias coisas, mais um componente que seria de maior importância é a liderança dos jovens porque eles são o futuro das comunidades, e se eles não tiverem as ferramentas necessárias para lhe dar com os diferentes problemas e desafios não vão poder solucionar" ressaltou Anna Tones, diretora dos Programas Ambientais da Usaid.

A oficina foi ministrada pelo Youtuber, Állan Carlos Portes, do canal Pixel Tutoriais, que em dois dias compartilhou conhecimento e experiência, além das técnicas para domínio desta ferramenta.

"A internet tem possibilitado a gente ganhar cada vez mais voz. E as pessoas que tem ganhado essa voz na sua maioria costumavam não ser ouvidas, por diversos motivos, e o Youtube te dá condições de criar algo, de você mostrar para as pessoas seu ponto de vista a sua realidade" ressaltou o Youtuber.

O coordenador do grupo de jovens da Arqmo, Rudnei Figueiredo enfatiza que a oficina do Youtube complementou mais o que o jovem já sabe, e por meio dela apresentar para o mundo o que a comunidade tem. "Não só a nossa cultura, mas mostrar aquilo que é bom, aquilo que é negativo para que os nossos governantes e o mundo fiquem sabendo o que acontece no quilombo" comentou.

Entre os 30 jovens participantes está Caroline Colé, moradora da comunidade de Boa Vista do Trombetas. Para ela o conhecimento da nova ferramenta vai aliar a pratica das atividades já desenvolvidas, além de poder contar um pouco sobre o seu território, o primeiro a ser reconhecido nacionalmente como Quilombola.

"Estou achando muito interessante a gente aprender e poder divulgar nossos trabalhos. Além de poder fazer o planejamento do futuro e outros tipos de trabalhos da comunidade como a cerâmica, as danças, as tradições, o círio do padroeiro" disse a participante.

Antecedentes

O diálogo para que as oficinas fossem realizadas junto aos jovens quilombolas iniciou em setembro de 2017, quando foi realizada a primeira oficina sobre inclusão digital e criação de conteúdo.

"Desde que a gente iniciou os jovens já tinham a demanda deles, mas ficavam presos e não sabiam como soltar o que eles queriam. De setembro pra cá eles propuseram algumas ações e a Arqmo está apoiando a coordenação da juventude com o desenvolvimento deles dentro das comunidades, com as melhorias que eles querem", frisou Rogério Pereira, membro do Conselho Diretor da Arqmo após citar que os jovens já utilizam as ferramentas Google Terra e ODK.

https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/jovens-quilombolas-de-o…

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