VOLTAR

Jovens indígenas revivem história da tribo

Diário de Pernambuco
16 de Mai de 2008

PESQUEIRA // Quatro documentários resultantes de oficinas da Cabra Quente na aldeia Xucuru-Ororubá serão exibidos neste fim de semana

Dezembro de 2007 marcou o início do projeto da Cabra Quente Filmes, aprovado em edital da Funarte/Ministério da Cultura/Petrobras. Em abril, as aulas - roteiro, direção, produção, captação de som e edição - já eram ministradas na aldeia da nação Xukuru - Ororubá, na Serra do Ororubá, em Pesqueira, a cerca de 215km do Recife, para jovens indígenas de 14 a 24 anos. Agora, neste final de semana, os quatro documentários que resultaram das oficinas de vídeos idealizadas e postas em prática pela produtora recifense serão exibidos pela primeira vez, durante a programação da assembléia anual dos xukurus, realizada de hoje até domingo na aldeia Pedra D'água.

Um ponto importante da assembléia será, também, a lembrança aos dez anos do assassinato de cacique Xicão Xukuru. "Aproveitaremos os dias de assembléia para fazermos uma memória da trajetória de lutas do nosso povo, considerando os períodos antes, durante e após a liderança do nosso inesquecível cacique. Para motivar nossos debates, definimos como lema: 10 anos semXicão e a perseguição continua", escreve o cacique Marcos Xukuru. As noções de memória e trajetória são essenciais para o desenvolvimento de projetos como esse e como o Vídeo nas Aldeias, que há décadas trabalha na formação de cineastas indígenas no Alto Xingu e em outras localidades no Brasil.

Conta o realizador Wilson Freire, sócio da Cabra Quente e responsável pela oficina de roteiro, que os jovens xukurus de fato se voltaram para a história de sua tribo. "Os quatro documentários, com cerca de 15 minutos de duração cada, falam de aspectos do povo. Um é sobre Xicão Xukuru, o outro sobre religiosidades. Há um que fala sobre a vila de Cimbres, local onde eles viviam antigamente e que foi tomado e depois recuperado pelos índios, e um outro trabalho que fala da luta e da resistência dos xukurus", diz o roteirista/diretor.

As oficinas envolveram outros profissionais, como o diretor de fotografia Hamilton Costa Filho, fundador da Cabra Quente, o cineasta Antônio Luiz Carrilho, a produtora Manoela Costa e o editorde som Gabriel Çarungauá, e foram acontecendo de maneira a obedecer ao cronograma de uma produção audiovisual. "Primeiro fizemos a oficina de roteiro, para que eles fossem já trabalhando o que queriam filmar e já saíssem com o roteiro pronto. Depois veio a oficina de produção e eles começaram a produzir os vídeos. Com as aulas de direção e montagem o processo foi concluído", explica Wilson.

Ele revela que há alunos com menos idade do que o previsto, com uma menina de apenas 11 anos, cuja pouca idade não impede ou diminui o interesse. Conforme já noticiado pelo Viver após uma visita da reportagem do Pernambuco.com à aldeia em Pesqueira, em abril, e à luz das diversas experiências e dos documentários derivados da atuação do Vídeo nas Aldeias, é possível perceber a disposição dos jovens realizadores em se apropriar das novas tecnologias e construírem um novo olhar. "Para incentivá-los, para que eles possam continuar produzindo independente das oficinas de capacitação, montamos uma ilha de edição, com equipamentos de última geração, e demos para eles. Também doamos uma câmera digital das melhores, porque nosso objetivo é vê-los em ação. Não adianta dar a oficina se eles não forem capaz de produzir e dirigir seus próprios trabalhos depois", resume Wilson Freire. (Luciana Veras)

--
Flora Noberto
Comunicação Institucional do Centro de Cultura Luiz Freire
Site: www.cclf.org. br
E-mails: flora@cclf.org. br ou comunicacao@ cclf.org. br
Telefones: +55 (81) 3301-5217 / 3301-5242 / 9282-5443
Fax: +55 (81) 3429-4881
Endereço: Rua 27 de Janeiro, 18, Carmo, CEP 53020-020 - Olinda - PE

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.