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Jorge Viana quer economia florestal para o Acre

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: Maura Campanili
26 de Ago de 2003

Governador pretende transformar Estado em uma em potência do setor florestal, a partir do manejo, uso múltiplo dos recursos e certificação

O governador do Acre, Jorge Viana (PT), pretende utilizar a vocação florestal da Amazônia e transformar o Estado em uma "Finlândia brasileira", com uma economia baseada no manejo florestal, com uso múltiplo da floresta e certificação. A declaração foi feita hoje, durante o 8o Congresso Florestal Brasileiro, que acontece em São Paulo até a próxima quinta-feira.

Para alcançar esse objetivo, Viana (primeiro engenheiro florestal a chegar ao governo de um estado no País) tem investido na criação de infra-estrutura, através da construção de estradas, capacitação técnica e equipamentos para as comunidades, e na criação de Florestas Estaduais, unidades de conservação que permitem a exploração florestal madeireira e não madeireira (como extração de borracha e castanha). Além disso, pretende atrair para o Estado empresas ligadas ao setor florestal. "Mas não estamos interessados em quem queira comprar grandes quantidades de terra no Acre. Para garantir o fornecimento de matéria-prima para as empresas, já criamos mais de um milhão de hectares de florestas estaduais", diz.

Um exemplo desse sistema, que beneficia principalmente as comunidades extrativistas, o governador cita da Floresta do Antimary, que deve explorar, neste ano, 10 mil m3 de madeira para suprir a atividades industrial no entorto de Rio Branco. O próximo passo é investir no manejo sustentado do mogno e na criação de assentamentos florestais, vinculados ao manejo comunitário. "Assentamentos na Amazônia não têm que plantar nada, deve saber tirar o que a floresta tem capacidade de suprir", disse.

Estradas sustentáveis

O maior desafio desse planejamento, no entanto, é garantir que a construção de estradas não seja um indutor de ocupação desordenada na região, como aconteceu com a maior parte das rodovias construídas na Amazônia, como a Cuiabá-Santarém (BR-163), onde foram detectados os maiores focos de queimadas na região, nas primeiras semanas de agosto. "Construir estrada na Amazônia é complicado, porque é o grande motor do desmatamento. Para evitar isso, fizemos um zoneamento territorial pactuado com as comunidades e o setor produtivo e estamos criando florestas públicas no entorno das rodovias", conta Viana.

Inaugurada em dezembro último e totalmente pavimentada, a parte brasileira da Estrada do Pacífico é citada como um exemplo dessa estratégia. "A estrada será um vetor de integração regional e tem no centro o manejo florestal sustentável, já que traz em seu ordenamento territorial políticas para manter a floresta." Essa nova estratégia de desenvolvimento será colocada em prova a partir da construção da ponte entre Assis Brasil, no Acre, e Iñapari, no Peru, acordada ontem entre os presidentes dos dois países, e com a construção do lado peruano da estrada, que atualmente só pode ser utilizada em períodos de seca. "Essa obra só será concluída com financiamento brasileiro e estamos lutando para que esses recursos só saiam se tivermos garantia de que os cuidados serão os mesmos adotados no Acre", disse o governados.

Além da criação de áreas de preservação de usos direto e indireto ao longo da estrada, a saída para o Pacífico implicou também em demarcação de terras indígenas, destinação de áreas para uso sustentável e para pequenos agricultores familiares, que tenham atividade combinada com sistemas agroflorestais.

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