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Javaés questionam etnia Krahô-Kanela

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Alessandra Bacelar
04 de Ago de 2004

Indígenas - Reunião entre lideranças e procuradoria-geral da república, em Formoso do Araguaia, termina hoje

Representantes de nove tribos Javáe e Karajá estão reunidos em Formoso do Araguaia, no Sul do Estado, desde ontem, discutindo a etnia Krahô-Kanela, com a participação do Procurador-geral da República no Tocantins, Álvaro Manzano, o administrador regional da Funai em Gurupi, Euclides Dias Lopes, e dois representantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A presença da Abin no encontro é, segundo informaram os próprios agentes, para acompanhar as discussões a pedido da Presidência da República, já que nos últimos meses a situação dos Krahô-Kanela esteve em evidência. A partir daí, deve ser emitido um relatório sobre as reivindicações dos indígenas.

Ontem a discussão ficou em torno do não reconhecimento, por parte dos índios Javaé, da etnia Krahô-Kanela. Segundo os Javaé, uma pesquisa feita pelos próprios índios com os moradores mais antigos das aldeias apontou que essa etnia (os Krahô-Kanela) não seria originária do Tocantins, e que em momento nenhum da história dos povos indígenas da região ficou registrado que eles viveram aqui ou mesmo que tiveram uma aldeia. Valter Javáe, coordenador do evento, ressaltou que alguns até podem mesmo ser descendentes de índios, talvez dos Krahô do Norte do Estado, ou dos Kanela do Maranhão, mas que nunca existiram Krahôs-Kanelas. "Eles estão usando a nossa cultura Javaé para ganhar alguma coisa. Se existe índio nessa etnia, que eles resolvam de fato o que eles são, porque entre eles existem muitos brancos e isso não aceitamos", disse Valter.

Outro ponto debatido no encontro foi a questão da área que os Krahô-Kanela reivindicam. Um terreno de 24 mil hectares, localizado no município de Lagoa da Confusão, nde hoje se encontram as instalações da Fazenda Planeta. Segundo os Javaé, a área na verdade seria deles e não da etnia Krahô-Kanela.

A discussão pegou de surpressa o Cacique Mariano Krahô-Kanela. "Eu e o meu povo viemos participar desse encontro pensando que aqui iríamos discutir uma maior integração entre o nosso povo, buscar mais atenção e recursos da Funai e não ficar discutindo se somos ou não índios".

O procurador-geral da República, Álvaro Manzano, fez questão de lembrar que em 2002 o Governo Federal, através de estudo antropológico, reconheceu a etnia e que esse assunto não poderia ser mais discutido. "O que precisa ser resolvido é a questão que os Javáe estão reivindicado a área de 24 mil hectares que os Krahô-Kanela dizem pertecencer aos seus antepassados. O Ministério Público vai acompanhar toda a discussão e quando julgar necessário deve intervir".

A reunião continua na manhã de hoje. Outros oito caciques devem se manifestar sobre os temas em debate. Mas antes de qualquer definição, os Javé afirmaram que devem entrar com o pedido de posse da área onde hoje está a Fazenda Planeta.

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