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Japão e WWF-Brasil melhoram trilhas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

Viaecológica-Brasília-DF
24 de Jan de 2004

O ministro da Embaixada do Japão no Brasil, Keiji Yamamoto e a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, assinaram onte (23) um contrato no valor de US$ 48 mil 341, do Projeto de Manejo do Sistema de Trilhas do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Localizado na região nordeste do Estado de Goiás, o Parque Nacional é um dos mais visitados do país, com uma média de visitantes superior a 30 mil turistas por ano, de acordo com nota organização ambientalista. De fevereiro a novembro de 2004 o WWF-Brasil, com a supervisão e acompanhamento da Diretoria de Ecossistemas (Direc) do IBAMA/MMA, vai implementar o sistema de trilhas interpretativas dos saltos, cânions, pedreiras e da Rodoviarinha no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. A organização também vai elaborar material informativo e de educação ambiental sobre a Chapada para servirem de instrumento de fortalecimento do ecoturismo de base comunitária nos municípios da região. Graças ao trabalho desenvolvido pelo IBAMA e pelas associações de condutores de visitantes, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é hoje um dos mais bem cuidados do Brasil. Entretanto, o grande afluxo de visitantes e a ocupação do entorno do parque se revertem em ameaças às belezas naturais. O projeto foi desenvolvido sob demanda e com o envolvimento de técnicos do IBAMA no ano de 2002 para auxiliar a conter as ameaças ao Parque e também beneficiar as comunidades de seu entorno. "Este projeto possibilitará a redução dos impactos da visitação do Parque, a capacitação dos condutores locais para manejo e gestão de trilhas, melhorar a educação e satisfação dos visitantes e contribuir para a conservação dos recursos do Parque Nacional", observou a secretária-geral do WWF-Brasil. Como fundo de contrapartida o WWF-Brasil investirá R$ 40 mil. Serão alocados um coordenador do projeto e um assistente e a organização oferecerá ainda, para o trabalho das equipes, sua sede de projetos em Alto Paraíso, que possui salas equipadas com computadores, fax, telefone e mesas de trabalho e um veículo do escritório. O ministro Yamamoto afirmou que o projeto é extremamente oportuno, dadas as pressões sofridas pelo Parque Nacional. "Torna-se premente um plano de elaboração das trilhas e sua preservação. Este projeto vai contribuiu para o esforço que o Governo do Japão já tem feito no Projeto de Conservação do Ecossistema do Cerrado, financiado pela JICA (Agência de Cooperação Técnica Internacional do Japão)", afirmou. Os recursos doados provêm do Programa de Assistência para Projetos Comunitários do Governo do Japão. O programa dedica, anualmente, um total aproximado de US$ 1,5 milhão a projetos em todo o Brasil. O projeto na Chapada dos Veadeiros é o segundo financiado em parques nacionais pelo governo japonês. O primeiro foi de prevenção ao fogo no Parque Nacional Grande Sertão Veredas (MG) que inclui a compra de equipamentos de combate a incêndio, treinamento de brigadistas e a construção de uma torre de vigilância no parque. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros protege uma parcela representatica do Cerrado de altitude, com variações que vão de 400m a 1.700m de altitude, comportando grande variabilidade biológica. Localizado na região central do Brasil, o Cerrado é um tipo de savana que originalmente cobriu uma área de aproximadamente dois milhões de km² (equivalente à Espanha, França, Alemanha, Itália e Inglaterra somadas). A flora do Cerrado é considerada a mais rica do gênero, com uma estimativa de dez mil espécies de plantas superiores. O bioma tem as nascentes de três grandes bacias hidrográficas brasileiras: Tocantins/Amazonas - cuja nascente é na região da Chapada dos Veadeiros -, São Francisco e Paraná/Prata. Atualmente o Cerrado é um dos biomas mais ameaçados do Brasil e do planeta, pois estima-se que mais de 50% de sua área original foi desmatada, dando lugar ao agronegócio. Menos de 3% da área total do Cerrado estão protegidos na forma de parques ou reservas. Criado em 1961, com 650 mil hectares (ha), com o tempo o parque passou por sucessivas reduções chegando a ter apenas 65,5 mil hectares atualmente De acordo fontes do Ministério do Meio ambiente, a ampliação da área do parque é uma questão de tempo, pois o governo passado aumentou a área para 235 mil hectares e este ano uma associação de fazendeiros e moradores conseguiu derrubar no Supremo Tribunal Federal o decreto presidencial de ampliação, por erro de forma (não teriam realizado as audiências públicas com a comunidade, apenas com os conselheiros). O governo Lula promete retomar a questão e ampliar o parque sem incorrer nos erros de forma que a Justiça detectou. Segundo a nota do WWF Brasil, a região foi área de garimpo de cristais de quartzo e está situada em zona de fronteira agrícola, sob grande pressão humana. Há um crescente fluxo turístico, que explora a bela paisagem, as inúmeras cachoeiras e cânions existentes e também o misticismo que cerca o local. A consolidação do parque enfrenta problemas fundiários e a ocupação do solo ameaça a integridade de seu entorno. Desde 1996 o WWF-Brasil trabalha com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Naquele ano a organização deu início ao Projeto Veadeiros, um programa integrado de conservação da natureza e desenvolvimento econômico no Cerrado brasileiro. O Projeto atuou em seis áreas temáticas - ecoturismo, áreas protegidas, extrativismo e agroecologia, educação ambiental, fortalecimento institucional e comunicação. Neste período o WWF-Brasil obteve diversos êxitos, tais como: 1) Ecoturismo - o projeto conseguiu transformar garimpeiros, que desde antes da criação do Parque extraíam cristal dentro da área das unidades de conservação, em condutores de visitantes, organizados sob associações. O projeto também fez o marketing da região, tornando-a referência para o turismo de natureza no Brasil.; 2) Fortalecimento institucional - o projeto apoiou a criação de associações de condutores de visitantes em cinco municípios do entorno do Parque Nacional; 3) Agroecologia e extrativismo - a partir do fortalecimento de instituições locais foram desenvolvidos projetos de viveiros de mudas, coleta de frutos e flores do Cerrado para beneficiamento e projetos pilotos de roças orgânicas; 4) Educação ambiental - com parceiros, o projeto efetuou a capacitação de professores e lideranças comunitárias de quatro municípios; 5) Áreas protegidas - em novembro de 2000 a principal meta do projeto foi alcançada: com apoio do WWF-Brasil o Ministério do Meio Ambiente e a UNESCO concluíram o processo de criação da Reserva da Biosfera do Cerrado II (Goyaz), incluindo 26 municípios do nordeste goiano e abrangendo área total de 2,8 milhões de hectares. O WWF-Brasil realiza atualmente mais de 70 projetos em todo o país e integra a maior rede mundial independente de conservação da natureza, a rede WWF, com atuação em 96 países e 5 milhões de afiliados em todo o mundo.(Veja também www.wwf.org.br, www.jica.gov.jp, www.eco.tur.br, www.ibama.gov.br ou email para rogerio@wwf.org.br).
(-Viaecológica-Brasília-DF-24/01/04)

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