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Itaipu perde participação no fornecimento de energia ao país

FSP, Dinheiro, p. B6
05 de Fev de 2010

Itaipu perde participação no fornecimento de energia ao país

Samantha Lima
Da sucursal do Rio

Diante de limitações operacionais nas linhas de transmissão de Furnas, Itaipu perdeu espaço no fornecimento da energia consumida no país neste período de recordes de consumo. Se, em dezembro e janeiro, a usina vinha fornecendo 14% da energia consumida, agora fornece pouco mais de 12%, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Não que a usina esteja produzindo menos. Relatórios do ONS mostram que a energia fornecida pela hidrelétrica está na mesma faixa de antes, entre 7.500 e 8.000 MW médios.
No entanto, conforme o diretor geral do ONS, Hermes Chipp, a decisão visa a aliviar o sistema, restringindo o risco de uma sobrecarga.
Isso porque o fluxo em algumas linhas de transmissão que trazem energia de Itaipu vem sendo reduzido para que Furnas faça manutenções, o que foi intensificado desde o último apagão, em novembro. Uma das possíveis causas apontadas para o blecaute, na época, foi a falha de equipamentos, chamados isoladores, por causa da chuva, em três linhas.
Assim, a participação das usinas termelétricas, que era de aproximadamente 2,5% no fornecimento da energia consumida no país, atingiu 4,12% na última quarta-feira.
O problema de usar menos Itaipu é que a energia da hidrelétrica é mais barata do que a das termelétricas. Chipp estima que esse uso emergencial custará R$ 80 milhões, a serem repassados ao consumidor.
A precaução adicional com o sistema, adotado pelo ONS, é uma consequência do último apagão. Desde então, o ONS vem trabalhando com o critério de "contingência tripla". Em outras palavras, o planejamento da segurança da rede de transmissão passou a ser feito de forma a considerar alternativas para evitar blecaute na hipótese de três linhas de transmissão entrarem em curto ao mesmo tempo.
O procedimento padrão de segurança para o trecho onde se originou o apagão é considerar a hipótese de saída de até duas linhas, se o sistema está funcionando de forma satisfatória. O problema é que, quando houve o apagão, saíram três linhas, algo que, de acordo com especialistas, é praticamente impossível de acontecer em condições normais.
"A decisão impõe um custo adicional ao despachar essas térmicas com o propósito de precaução contra outro apagão, devido aos problemas nos isoladores de Furnas. Mas deveríamos, consumidores e órgão regulador [a Agência Nacional de Energia Elétrica], avaliar com mais cuidado esta atitude", diz o engenheiro eletricista José Marangon, professor da Universidade de Itajubá.
Não seria necessário ligar térmicas para diminuir o fluxo de eletricidade no trecho onde houve o apagão, caso Furnas tivesse tomado as providências há mais tempo, segundo o especialista. Procurada, Furnas não quis comentar o assunto.

Importação
Ontem, o país atingiu, pelo quarto dia, pico em geração de energia. Foram solicitados, das usinas do país, 70.654 MW, às 14h49, acima dos 70.400 MW do dia anterior. E, pelo segundo dia seguido, o país importou energia da Argentina. Na quarta-feira, o vizinho forneceu 69 MW médios entre 13h38 e 16h57, o equivalente a 0,11% do consumo brasileiro, energia suficiente para abastecer uma cidade com 200 mil habitantes.
Ontem também houve importação de energia, mas o ONS não informou quanto. Antes disso, não havia ocorrido, este ano, nenhum episódio de importação do insumo do vizinho.

FSP, 05/02/2010, Dinheiro, p. B6

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