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Isolado, Jordão lidera ranking dos municípios mais pobres do País

OESP, Nacional, p. A6
23 de Nov de 2008

Isolado, Jordão lidera ranking dos municípios mais pobres do País

Moacir Assunção

Situado no Acre, na confluência dos rios Tarauacá e Jordão, o município de Jordão, de 6,3 mil habitantes, é um dos mais isolados do País. E também um dos dois mais pobres, segundo os índices do IDF.

O lugar é tão remoto que foi ali, nas matas da região, que fotografaram meses atrás um grupo de índios isolados, apontando seus arcos, em atitude guerreira, para o avião que transportava estudiosos da Fundação Nacional do Índio (Funai), numa imagem que impressionou o mundo.

Uma das cidades mais próximas, Taraucá, dista cinco dias de viagem de barco. Tudo fica tão longe que o preço de um litro de gasolina custa R$ 4,30 - quase o dobro do que se paga na bomba em São Paulo. O botijão de gás chega a R$ 65.

A distribuição da população lembra a de um Brasil antigo, quando a maioria das pessoas vivia na roça. Ali, 70% dos habitantes estão na zona rural; e 40% do total são índios. O índice de analfabetismo chega a 61%.

Dirigida pelo prefeito Hilário Melo, petista que acaba de ser reeleito, a cidade, com seis automóveis e quatro caminhões, tem poucas ruas pavimentadas. A rede de esgoto ainda está sendo construída. A internet só pode ser acessada por meio de rádio, em dois pontos da cidade: um no escritório local do governo do Estado e outro em uma lan house.

A economia depende da transferência de recursos dos governos federal e estadual. Além de escolas de ensino fundamental e médio, a cidade conta com uma unidade da Universidade Federal do Acre.

Ao saber dos índices do IDF, o prefeito ficou inconformado. "Não posso concordar", disse ele. "Esses números não refletem nem de longe o que somos. Temos universidade, escola técnica de enfermagem, energia elétrica 24 horas, acesso à internet, uma floresta muito rica e um belo artesanato indígena. Além disso, dormimos de porta aberta, sem medo, e 80% da população freqüenta a escola."

O governo do Estado também não gostou de ver Jordão no topo da lista dos municípios mais pobres. Segundo o assessor especial do governo Antônio Alves, o IDF utiliza critérios que só privilegiam aspectos urbanos. "São uma condenação ao mundo rural", afirmou. "Falar em analfabetismo onde a maior parte da população se comunica por meio de línguas indígenas é complicado. Embora não haja creche em Jordão, também não há crianças dessasistidas", disse. Para Alves, o IDF deveria rever seus critérios.

OESP, 23/11/2008, Nacional, p. A6

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