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Isolado, Chávez suspende projeto de gasoduto

OESP, Internacional, p. A17
28 de Jul de 2007

Isolado, Chávez suspende projeto de gasoduto
Venezuelano culpa ataques vindos de dentro da América do Sul por derrota política

Efe e Afp

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse ontem que o projeto para construir um gasoduto interligando sete países da América do Sul - o chamado Gasoduto do Sul - foi suspenso por falta de apoio político. "Houve ataques contra o projeto vindos de países sul-americanos. Por isso, agora ele esfriou", disse Chávez, sem especificar os responsáveis por esses ataques, durante discurso no Estado venezuelano de Carabobo transmitido por rádio e TV. "Não podemos fazer esse projeto sozinhos."

O presidente venezuelano reclamou que apesar dos governos da região "manterem reuniões técnicas" e de ele ter tratado pessoalmente do tema do gasoduto com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Néstor Kirchner, da Argentina, e Evo Morales, da Bolívia, agora, quando contactados por representantes da Venezuela, os países parceiros "se recusam a estabelecer prazos".

O Gasoduto do Sul teria 8 mil quilômetros de extensão. Ele partiria da Venezuela e passaria pelo Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Argentina e Equador, distribuindo cerca de 4,2 milhões de metros cúbicos de gás. Seu projeto, impulsionado pelo presidente venezuelano, foi estimado em US$ 20 bilhões, mas gerou ceticismo em muitos meios políticos e empresariais. Ontem, Chávez admitiu que não conseguiu entusiasmar os outros países da região. "Aqui (na Venezuela) há gás para um século", disse o presidente venezuelano. "Mas nós não podemos obrigar ninguém a fazer o gasoduto."

Em abril, durante a Primeira Cúpula Energética sul-americana, na Ilha Margarita, a Venezuela buscou, sem êxito, obter um consenso sobre o tema do gasoduto e a criação de una organização de exportadores de gás. Antes mesmo de sentar para discutir o tema, o governo brasileiro não escondia seu interesse exclusivo no primeiro trecho do duto, que cruzaria a Floresta Amazônica e o sertão nordestino para levar gás de Mariscal Sucre (Venezuela) até Recife (PE). Na ocasião, o presidente da Petrobrás, Sergio Gabrielli, disse que o projeto ainda estava em fase de "estudos preliminares",e o chanceler Celso Amorin afirmou que não tinha "cabimento" defender uma OPEP do gás.

O reconhecimento das dificuldades para construir o gasoduto é mais uma derrota política para Chávez na América Latina. As dificuldades para aderir ao Mercosul e as críticas feitas pelos Legislativos de diversos países ao venezuelano por sua decisão de fechar a emissora opositora RTVC também estão atrapalhando os planos de Chávez para integrar a região.

OESP, 28/07/2007, Internacional, p. A17

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