VOLTAR

ISA lança retrato fiel dos nossos indios nos ultimos 5 anos

A Gazeta de Cuiabá - Cuiaba´- MT
30 de Mai de 2001

O Instituto Socioambiental (ISA) lança hoje o livro Povos Indígenas no Brasil 1996/2000, um retrato fiel do que aconteceu com os indígenas brasileiros nos últimos cinco anos.

A publicação é fruto do trabalho de uma equipe de pesquisadores-editores do ISA, coordenada por Fany Ricardo e de mais de 200 colaboradores voluntários. Este volume, que contou com o especial apoio do Programa Norueguês para Povos Indígenas (DNUP) da agência norueguesa de cooperação (Norad), vem dar continuidade a uma série iniciada em 1980 e mostra, mais uma vez, que para o ISA, todo dia é dia de índio.
Em 832 páginas, que contêm 81 artigos, 1713 notícias resumidas, 27 mapas, 270 fotos e ainda documentos avulsos, grafismos e quadros, o leitor encontrará um resumo comentado das políticas indigenistas oficiais e não-governamentais, e da política propriamente indígena. Em oito capítulos temáticos e 18 capítulos regionais estão reunidas informações qualificadas e abrangentes sobre a situação jurídica e de fato das terras indígenas, dos conflitos, da demografia (216 povos indígenas que somam cerca de 350 mil pessoas), das línguas e da legislação. Aborda também temas afins como, por exemplo, a construção de hidrelétricas, interesses minerários, garimpos, construção de estradas e grandes projetos governamentais, que acabam se sobrepondo às questões indígenas.
A edição faz homenagens póstumas a vários antropólogos, indigenistas e lideranças indígenas, como Darcy Ribeiro, Aracy Lopes da Silva, Berta Ribeiro, Virgínia Valadão, Cláudio Villas-Boas, Ezequias Heringer (Xará), Prepori Kaiabi, Bepgogoti Mekragnoti e Krumare Metuktire.
A propósito dos chamados 500 anos do "Descobrimento", os lamentáveis episódios ocorridos em Porto Seguro, durante as comemorações oficiais, estão devidamente registrados. Em contrapartida, o tema resultou em um capítulo especial reunindo doze narrativas indígenas sobre a origem do mundo, a chegada dos brancos e o "descobrimento". Sob essa ótica, emergem versões reveladoras.
A obra traz as boas notícias desses cinco anos. Os destaques positivos foram muitos. Tais como a continuidade do crescimento global da população indígena; o significativo avanço no reconhecimento oficial e na demarcação das terras indígenas; a diferenciação e a descentralização dos serviços de atendimento à saúde e à educação escolar; a projeção crescente das organizações indígenas no chamado "mercado de projetos"; o desengavetamento do Estatuto das Sociedades Indígenas; o avanço da tramitação no Senado da ratificação da Convenção 169 da OIT (foi o primeiro instrumento internacional a tratar de temas básicos como o direito dos povos indígenas de viverem e se desenvolverem como povos diferenciados, de acordo com seus próprios padrões).
Mas os pontos negativos também estão listados: pelo menos 12 povos estão na linha vermelha da extinção demográfica e 3% da população araweté, povo tupi que vive no médio Xingu (PA), morreu de catapora por não ter sido vacinada previamente no final de 2000; a ocupação predatória em torno do Parque Indígena do Xingu cresceu, ameaçando a sustentabilidade da terra indígena mais consagrada do país.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.