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Irmao de freira quer 'abracar Anapu'

FSP, Brasil, p.A13
25 de Fev de 2005

Irmão de freira quer "abraçar Anapu"
DO ENVIADO ESPECIAL A BELÉM

O irmão da missionária Dorothy Stang, morta dia 12, chegou ontem ao Pará, onde pretende permanecer até a próxima quarta-feira. David Joseph Stang, 67 anos, irá encontrar-se hoje com os procuradores da República que acompanham as investigações do assassinato.
Mesmo cansado da viagem de mais de 12 horas, David, que vestia uma camiseta com a foto de Dorothy, falou rapidamente à Folha na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), onde funciona a Comissão Pastoral da Terra.
Atencioso, David disse que, um dia antes de sua morte, a missionária havia falado com ele por telefone e contado sobre umas casas que haviam sido incendiadas.
"Vim ao Brasil porque minha irmã amava muito o povo brasileiro e estou aqui para honrar esse sentimento", afirmou.
David mora em Palm Lake e é administrador de uma espécie de condomínio para idosos.
Ele segue amanhã para Altamira e, depois, para Anapu. Sua volta aos Estados Unidos está marcada para quarta. Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida à Folha. (CG)

Folha - Como o senhor ficou sabendo da morte de sua irmã?
David Joseph Stang - Uma outra irmã nossa, a Bárbara, recebeu um telefonema da ordem [das irmãs de Notre Dame de Namur, à qual a missionária pertencia], em Cincinatti, e, em seguida, me telefonou.

Folha - Quando foi a última vez que o senhor falou com ela?
David - Um dia antes de seu assassinato ela me telefonou. Ela me disse que estava inspirando o ar fresquinho de Palm Lake [onde ele mora] e ela estava precisando deste ar fresco porque estava no meio da floresta Amazônica, onde faz muito calor e é muito úmido. Ela também me disse que estava muito preocupada porque havia gente do lado de fora de sua casa e porque muitas famílias tinham perdido suas casas pois alguém as tinha incendiado. Ela disse que estava saindo naquele momento para ir visitar essas famílias.

Folha - O senhor sabia das ameaças de morte que irmã Dorothy recebia?
David - Sim, sabia, ela me contava.

Folha - Qual o objetivo de sua visita ao Brasil?
David - Estou aqui porque minha irmã amava muito o povo brasileiro e minha presença aqui é para honrar esse sentimento que ela tinha. Também vim ao Brasil para lamentar a morte dela. Estou de luto. Quero abraçar, de maneira figurativa, a área de Anapu.

Folha - O senhor pretende ir a Anapu?
David - Sim. Vou a Altamira no sábado e, depois, a Anapu. Volto aos Estados Unidos na próxima quarta-feira. Queria também dizer que estou aqui para abraçar a causa dos direitos dos pobres e todo o trabalho desenvolvido por minha irmã nestes anos, que acabou culminando, inclusive, com sua morte.

FSP, 25/02/2005, Brasil, p.A13

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