OESP, Nacional, p. A9
09 de Dez de 2008
Irmã Dorothy recebe prêmio póstumo da ONU
Homenagem ocorrerá durante comemoração dos 60 anos da Declaração dos Direitos Humanos
Roldão Arruda
A religiosa americana Dorothy Mae Stang, mais conhecida como Irmã Dorothy, receberá hoje, em edição póstuma, o Prêmio de Direitos Humanos das Nações Unidas. A homenagem à religiosa, que desenvolvia trabalhos sociais na Amazônia e foi assassinada com seis tiros, em fevereiro de 2005, no município de Anapu (PA), ocorrerá durante reunião da 36a. Assembléia-Geral da ONU para celebrar o aniversário de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Na mesma cerimônia, também será homenageada a ex-primeira-ministra do Paquistão Benazir Bhutto, assassinada em 2007, quando participava de um comício. De acordo com declarações do presidente da Assembléia-Geral, Miguel d'Escoto Brockmann, os escolhidos simbolizam a persistência na luta contra as violações dos direitos humanos.
No passado, o mesmo prêmio já foi entregue a personalidades como Nelson Mandela, símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, e Martin Luther King, pastor negro americano assassinado enquanto fazia pregações em defesa dos direitos civis nos Estados Unidos.
Irmã Dorothy atuava no Brasil desde 1966. Pertencia à congregação Irmãs de Nossa Senhora de Namur - organização religiosa que reúne mais de 2 mil mulheres, em diversas partes do mundo.
No Pará, onde continuam atuando, suas companheiras divulgaram no mês passado um extenso dossiê sobre a questão dos direitos humanos no Estado, chamando a atenção das autoridades para o clima de impunidade, que estaria estimulando ainda mais a violência.
Cinco pessoas foram acusadas pelo assassinato da irmã. Os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura e Regivaldo Pereira, apontados como mandantes, estão livres. 0 primeiro foi condenado a 30 anos de prisão, em 2007. Em novo julgamento, porém, em maio deste ano, acabou absolvido pelo júri popular. Regivaldo ainda aguarda julgamento, em liberdade.
0 executor do crime, Raifran Sales, foi condenado a 28 anos de reclusão. Seus comparsas Amair da Cunha, que teria intermediado o crime, e Clodoaldo Batista, que assistiu ao crime e nada fez para impedi-lo, receberam penas de 18 e 17 anos de prisão, respectivamente.
USP também promove evento
A Universidade de São Paulo (USP) está celebrando os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que se completam na quarta-feira, com um congresso para discutir a questão 110 Brasil e no mundo.
Ontem, uma mesa-redonda reuniu, na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, o embaixador Rubens Ricupero e o ex-chanceler Celso Lafer, além da historiadora Maria Luíza Marcílio, o geógrafo Mário Mantovani e a jornalista Teresa Urbam.
0 congresso prossegue hoje com nova mesa-redonda entre José Gregori, presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, o desembargador José Renato Nalini, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), e a professora Flávia Piovesan, da USP.
Carlos Marchi
OESP, 09/12/2008, Nacional, p. A9
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.