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Invasões ameaçam 52 parques

CB, Cidades, p. 24
09 de Mar de 2004

Invasões ameaçam 52 parques

Ana Helena Paixão
Da equipe do Correio

Dos 64 parques ecológicos do Distrito Federal, apenas 12 estão abertos à visitação. Os demais têm área definida, mas nem todos estão cercados, o que facilita as invasões e degradações. A pressão humana é a maior ameaça aos espaços já implantados e atinge níveis preocupantes nos parques ecológicos Ezequias Heringer, o Parque do Guará, e no Saburo Onoyama, o Vai-quem-quer, em Taguatinga Sul.

Vizinho do Área de Relevante Interesse Ecológico JK, o Onoyama sofre a pressão de mais de 500 famílias, que se instalaram no local de forma irregular. Sem sistema sanitário, elas puxam água do lençol freático e poluem o solo com o esgoto improvisado. Mesmo com as fontes cercadas e insistentemente limpas, invasores e sem-tetos burlam a segurança e lavam roupas nas nascentes. As churrasqueiras estão pichadas e quebradas e, no final de semana, o lixo fica espalhado pela área de lazer.

O secretário de Parques, Ênio Dutra, afirma que o governo não tem condições de manter todas as áreas ecológicas do DF sem a ajuda da comunidade. ''Enquanto os freqüentadores não ajudarem na preservação dos parques, os recursos financeiros e humanos do governo serão insuficientes'', comenta. Segundo ele, apenas 18% dos parques estão implementados e a maior parte deles encontra-se em situação de abandono ou de má-conservação.

O coordenador do núcleo de estudos ambientais da Universidade de Brasília, Gustavo Souto Maior, concorda. ''O governo deve compartilhar a gestão dessas áreas com entidades da sociedade civil organizada'', avalia Souto Maior. ''Não adianta ter 64 parques no papel se são terrenos baldios na prática.''

O ambientalista e o secretário afirmam que os moradores de Águas Claras e da Asa Norte já incorporaram a idéia da gestão comunitária e citam os parques das duas localidades como exemplos de espaços bem conservados. ''Eles entenderam que a qualidade de vida depende da preservação dos parques Águas Claras e Olhos D'Água'', diz o secretário Dutra.

Ao lado do metrô e em meio a dezenas de prédios residenciais, destaca-se uma área verde no coração de Águas Claras. Ali, há ciclovia, pista de cooper, trilhas ecológicas, duas lagoas e quadras de esporte. Animais como sagüis, capivaras e variedade de pássaros são vistos no Parque Ecológico Águas Claras.

Trilhas limpas e novas, com latas de lixo espalhadas por toda a sua extensão, demonstram o bom estado do parque. No Olhos D'Água, há até latas distintas para facilitar a reciclagem do lixo. Além de módulos para exercícios e parque infantil, o parque tem trilhas ecológicas, nascentes d'água e a Lagoa do Sapo, onde crianças e adultos se divertem observando o nado das tilápias e tartarugas.

CB, 06/03/2004, Cidades, p.24

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