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Invasão no Divisor

A Tribuna-Rio Branco-AC
14 de Set de 2003

Traficantes usam mateiros para percorrer florestas acreanas.
A Polícia Federal já sabe do problema. A grande preocupação é que não existe como combatê-lo. A falta de pessoal é o maior empecilho da polícia para agir contra os criminosos. A floresta nacional da Serra do Divisor em Cruzeiro do Sul é onde está a maior rota do crime. Naquela região, segundo o assessor de imprensa da Polícia Federal, Luís Carlos, peruanos estão contratando os famosos mateiros para conduzir cocaína para os receptores nas cidades do Acre. Mateiros são pessoas tanto brasileiras quanto do Peru que conhecem bem a região e que são acostumadas a fazer longas viagens pelas matas. De acordo com as informações prestadas pelo assessor, geralmente os mateiros, ou mulas como também são conhecidos na gíria dos traficantes, transportam de dois a três quilos de cocaína pura em mochilas pelo meio da floresta. "Após a droga entrar nas cidades, fica mais fácil para ser levada para os grandes centros consumidores, como Rio de Janeiro e São Paulo", disse o assessor.

Acrescentou que a floresta da Serra do Divisor, em Cruzeiro do Sul, começou a ser mais utilizada pelos traficantes depois que a Polícia Federal vem aumentando a fiscalização nas estradas e cidades de fronteiras, dificultando o tráfico, daí a razão por que eles [traficantes] passaram a utilizar a mata como rota para transportar a droga até as cidades. De acordo com o assessor, não existe uma fiscalização contínua que impeça o tráfico pelas matas, exatamente pela falta de pessoal, pois a dimensão da floresta do Vale do Juruá é muito grande, e isso dificulta a ação dos agentes, mas, mesmo assim, a Polícia Federal não tem medido esforços para combater o tráfico na região. "Acontece que os mulas ou mateiros, pessoas que têm prática muito forte em caminhada pela mata, e que são contratados pelos traficantes, caminham com 2 ou 3 quilos de cocaína durante o dia, é um trabalho quase que formiga.

Eles vêm deixando a droga e voltam. Então é muito difícil você acompanhar um trabalho desses, com um efetivo mínimo, mas a Polícia Federal tem conseguido algum êxito na região, mesmo com o problema de falta de pessoal", enfatizou o assessor. Luís Carlos fez questão de citar que não é impossível combater o tráfico na Serra do Divisor e que a Polícia Federal trabalha diuturnamente para combater. "O que se questiona são as condições humanas, por exemplo, uma pessoa entra num barco, vai lá para Marechal Thaumaturgo e Porto Walter, no Alto Juruá, e você não tem condição de ficar ali, um, dois ou mais meses, até porque você não nasceu naquela região. É um trabalho muito exaustivo, pois já estive lá três vezes e pude constatar isso, mesmo assim não temos perdido o fio condutor do trabalho", esclareceu o assessor. Luís Carlos fez questão de destacar ainda que a Polícia Federal tem conseguido controlar o tráfico pesado de drogas na região da Serra do Divisor, dentro das condições daquela unidade militar. Segundo ele, a questão do efetivo está sendo resolvida, o governo federal tem olhado com bons olhos para a Polícia Federal.

Ele disse que a delegacia da Polícia Federal, inaugurada recentemente, em Cruzeiro do Sul, bem-estruturada com equipamentos de última geração e com uma equipe de agentes altamente comprometidos no combate ao tráfico na região. "Temos um delegado brilhante comandando a delegacia, o Dr. Laerte", concluiu o assessor Luís Carlos.
(-A Tribuna -Rio Branco-AC-14/09/03)

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