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Interventores reúnem servidores da Funai na Capital

Campo Grande News - www.campogrande.news.com.br
Autor: Ângela Kempfer e Adriany Vital
24 de Nov de 2008

A junta interventora nomeada para assumir a Funai em Campo Grande fez a primeira reunião com funcionários do órgão nesta manhã. Aos servidores, a equipe designada pela Funai Nacional detalhou os motivos do afastamento na sexta-feira passada do administrador regional, Claudionor Miranda, e também repassou como será o trabalho de reestruturação.

O levantamento nas contas do órgão na Capital foi solicitado pela CGU (Controladoria Geral da União), no dia 20 de outubro deste ano. Na lista de procedimentos a serem investigados estão compras e contratos sem licitação, além de ausência de prestação de contas.

O administrador da Funai na Paraíba, Petrônio Machado Cavalcante, assumiu hoje interinamente o órgão em Campo Grande, ao lado de outros três servidores.

Segundo Petrônio, o caso não deve ser tratado como um golpe. "Foi um alarde muito grande para uma situação muito simples", sobre o que considera erros de procedimento. Os planos dele são para continuar apenas um mês em Campo Grande. "Tempo para colocar a casa em ordem", resumiu, anunciando a criação de 85 vagas para o órgão em Mato Grosso do Sul.

No período da tarde, haverá um encontro com caciques, de diferentes etnias, que amanheceram em frente a sede da Fundação. "Vou ouvir as reivindicações e me colocar à disposição", disse o administrador interino.

Gastos - Com serviços de telefone fixo, foram gastos ao longo do ano R$ 49,5 mil, sem concorrência, sendo que o limite para dispensa de licitação é de até R$ 8 mil, conforme a legislação. O mesmo ocorreu com a compra de passes estudantis, que não teve o valor divulgado pela CGU.

Outra irregularidade verificada pela Controladoria é o gasto de R$ 149 mil com o projeto cultural Vídeo Índio Brasil, mostra de cinema realizada em Campo Grande de 24 a 31 de maio deste ano, no Cine Cultura. O dinheiro foi repassado às empresas Mercado Cultural, Premier e MCL Produções.

As despesas sem licitação também consumiram R$ 15,1 mil em passagens aéreas, e com combustíveis R$ 42,9 mil. Sem prestação de contas, aparecem compras de material esportivo.

Claudionor ainda não comentou o assunto. Segundo a assessoria da Funai, ele está em Campo Grande, "mas incomunicável."

Um grupo de índios terena estaria planejando um protesto para está segunda-feira em Campo Grande, em apoio ao ex-administrador regional. Claudionor também é terena.

Caciques - Em uma sala da Funai, seis caciques de aldeias sul-mato-grossenses planejam nesta manhã o que será dito aos interventores. Claudionor é defendido como "parceiro dos índios", "honesto e trabalhador".

As lideranças vieram de Nioaque, terra natal de Claudionor, e de Bodoquena. São das etnias terena e kadiwéu, grupo no comando da defesa do ex-administrador. "A Funai não explicou até agora para o índio qual o motivo do afastamento dele, queremos saber porque o Claudionor sempre foi nosso parceiro", reclama Joel Marques, da aldeia Cachoeirinha.

O caso, aparentemente, dividiu os índios. O kadiwéu Lorival Matchuara, da aldeia de Porto Murtinho, diz que os indígenas "repudiam" qualquer atitude de má utilização de dinheiro público e contesta qualquer outra declaração em nome dos kadiwéu.

O terena Arilson Cândido, da aldeia Bananal, de Aquidauana, segue no ataque. "É uma vergonha para a gente que é índio".

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