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Internacionalização está a caminho, afirmam parlamentares roraimenses

Folha de Boa Vista-RR
Autor: Marilena Freitas
10 de Dez de 2001

A internacionalização da Amazônia para alguns parlamentares já é fato consumado e para outros esse processo ainda está a caminho e poderá se concretizar, caso o Governo Federal não faça a sua parte e espere apenas que o Exército integre a região aos outros estados brasileiros.
Para o deputado federal Salomão Cruz (PFL), o Governo Federal é o "grande responsável pela imagem negativa da Amazônia", tanto para as outras regiões quanto para fora do país. "É claro que a Amazônia tem que ser preservada, mas é preciso se discutir a forma moderna de preservação", afirmou.
A afirmação de Salomão Cruz é fundamentada nas políticas públicas do Governo Federal, que não contribuem com desenvolvimento e ainda passam uma imagem caótica do país para o resto do mundo.
Ele citou como exemplo os assentamentos que são feitos na região sem o mínimo de estrutura. "Cerca de 80% dos nossos assentamentos estão na Amazônia e todos os assentados vivem da agricultura de subsistência", ressaltou, ao detalhar que esse tipo de agricultura ajuda a devastar e prejudicar o meio ambiente.
Para Salomão Cruz, o descaso do Governo Federal para com a Amazônia é tanto que se reflete no retardamento da instalação do projeto Sivam (Serviço de Vigilância da Amazônia). "Se estivesse preocupado, já teria implantado", criticou.
O outro ponto salientado pelo parlamentar é o desconhecimento dos problemas que envolvem a região. "O Governo Federal é incompetente na discussão das florestas e os nossos parlamentares da Amazônia são voltados para resolver as questões urbanas, como saneamento e infra-estrutura", afirmou.
Conforme analisou o deputado, a sociedade de um modo geral está voltada apenas para se indignar com o problema que aflige a região. "Entendo essa indignação das pessoas sobre as imensas reservas e parques ambientais, mas não é suficiente", disse.
Na opinião dele, é importante estudar formas de demarcação, sejam elas de reservas indígenas ou parques ambientais, e propor esse novo modelo, ratificando desse modo, o papel de conscientização que o Exército desempenha.
ROBÉRIO - Numa linha próxima de pensamento, o deputado federal Robério Araújo (PL) acredita que há um movimento mundial para mostrar à opinião pública que o Brasil não sabe cuidar da Amazônia.
Robério disse que esse movimento orquestrado usa como argumento e até mostra fatos para massificar essa idéia, como a poluição dos rios e a destruição das florestas.
"Com isso, invadem as áreas destinadas aos índios afirmando que há um genocídio na população indígena. Criam uma opinião mundial, principalmente nas nações ricas, para que num futuro a médio prazo possa haver uma intervenção da ONU, no sentido de proteger o patrimônio amazônico e seus povos", analisou o parlamentar.
"Esse movimento se intensifica e tem mais sentido quando se observa a Funai na pretensão de demarcar novas áreas, que somadas as já demarcadas possam se transformar futuramente em nações independentes, haja vista que também se divulga a autodeterminação desses povos (indígenas)", acrescentou.
Indagado sobre o que tem feito os parlamentares para mudar essa situação, Robério respondeu que a visita de deputados de diferentes partidos à região tem contribuído para mudar essa linha de pensamento.
"A nossa bancada é unida em relação a esse assunto. E hoje, o que se vê quando se discute isso é que os próprios deputados de oposição, que antes apoiavam esse movimento, no mínimo ficam calados ou nos dão razão de que é possível se explorar a região de forma sustentável".
Robério disse que esses parlamentares vêem hoje essas denúncias, de genocídio e destruição, como infundadas. "Conseguimos mudar a forte ação desses parlamentares que davam apoio às Ongs", complementou.

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