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"Intermediário" no caso Dorothy é condenado

FSP, Brasil, p. A15
27 de Abr de 2006

"Intermediário" no caso Dorothy é condenado
Tato, que confessou ter sido pago por fazendeiros para contratar assassinos de freira, terá de cumprir 18 anos de prisão

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O Tribunal do Júri do Pará condenou ontem Amair Feijoli da Cunha, o Tato, a 18 anos de prisão, em regime fechado, pelo assassinato da missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, 73.
A pena inicial, por homicídio duplamente qualificado, foi de 27 anos. Mas os sete jurados decidiram que Tato, apontado como o intermediário do assassinato da freira, teve como atenuante o fato de ter colaborado na apuração do crime. Por isso a pena foi reduzida em um terço.
No julgamento, Tato confessou ter sido contratado por R$ 50 mil pelos fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, para intermediar o assassinato.
Tato respondia por homicídio duplamente qualificado, com promessa de recompensa e motivo torpe, sem possibilidade de defesa da vítima. A acusação pedia a pena máxima de 30 anos de reclusão pela participação no crime.
Na fase de interrogatório, ele confirmou sua intermediação no crime. Antes, havia dispensado sua única testemunha de defesa, a mulher, Elizabeth Cunha.
Tato chorou ao revelar que intermediou a morte da freira com os pistoleiros Rayfran das Neves Sales (Fogoió) e Clodoaldo Carlos Batista (Eduardo), condenados, em dezembro, a 27 e 17 anos de prisão, respectivamente.
Dorothy Stang foi abordada no dia 12 de fevereiro de 2005 por Fogoió e Eduardo, quando se dirigia a uma reunião com trabalhadores rurais do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, na zona rural de Anapu (PA). Foi assassinada com seis tiros.
Ainda nos interrogatórios, Tato afirmou que a munição e o revólver calibre 38, usados pelos pistoleiros no crime, foram providenciados por Bida. Disse que foi em um encontro numa empresa de Taradão, em Altamira, que a morte da freira foi acertada.
"Ele [Regivaldo Galvão, o Taradão] disse: "Enquanto não se der um fim nessa mulher [Dorothy Stang], não teremos paz nessa terra", afirmou Tato ao juiz Cláudio Montalvão das Neves.
"Já era esperado isso [a acusação contra os fazendeiros] porque ele [Tato] quis extorquir dinheiro de outra pessoas que não têm nada a ver com isso [o crime] e não conseguiu", afirmou o advogado dos fazendeiros, Américo Leal, antes de a sentença ser proferida.
A advogada de Tato, Dalza Afonso Barbosa, também antes da decisão, disse que ele foi pressionado e coagido pelos fazendeiros a cometer o crime.
O julgamento foi acompanhado em Belém, por trabalhadores rurais de Anapu, organizações de direitos humanos e ambientais e familiares da missionária, que vieram dos Estados Unidos.

FSP, 27/04/2006, Brasil, p. A15

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