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24 de Out de 2024
A inovação brasileira de juntar no G20 ministros do meio ambiente, economia e bancos centrais foi aprovada e deve continuar
Por Míriam Leitão
24/10/2024
Terminou agora à noite em Washington a reunião ministerial da Força-tarefa Global para Mobilização contra a Mudança do Clima (TF-Clima). É uma inovação brasileira porque reuniu durante todo este ano em que o Brasil preside o G20, ministros das finanças e do meio ambiente dos países do bloco, e também com a participação dos bancos centrais. A delegação da Africa do Sul que será o próximo país a presidir o G20 avisou que manterá esse esforço conjunto das finanças e do clima. No fim foi divulgado um documento com o compromisso dos ministros das Finanças, do Meio Ambiente e governadores dos bancos centrais.
A ideia era inclusive unir o mundo das finanças com o mundo da ecologia, do combate à mudança climática. A ministra Marina Silva disse que essa junção é a realização de um sonho. Contou que há 20 anos, quando ela falava que a economia e ecologia tinham que andar juntos, nem sempre ela era entendida. Agora ela vê a realização.
No discurso, Marina Silva salientou que a urgente interação revelou que as áreas de clima e finanças precisam continuar a caminhar juntas, para que o mundo tenha metas ambiciosas e alinhadas com a meta de 1.5 graus, e e se promova as transformações necessárias dentro dos países para fazer frente à crise climática. As metas nacionais são chamadas de NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas).
- Os países do G20, responsáveis por cerca de 80% das emissões de gases de efeito estufa e concentrando 80% da riqueza do mundo, devem liderar pelo exemplo o combate às mudanças climáticas. O Brasil tem compromisso com a liderança pelo exemplo, mostrando que mesmo com nossos desafios internos, podemos assumir metas ambiciosas e ter visão construtiva e solidária em relação aos países com menor capacidade de fazer frente à crise climática. A nova NDC do Brasil refletirá esse compromisso com metas ambiciosas, abarcando os distintos setores da economia e fazendo uso da melhor ciência disponível.
Segundo ela, a COP30 em Belém será a COP das novas NDCs alinhadas com a meta de 1,5oC, mas será também a COP para impulsionar a implementação de promessas e compromissos assumidos.
No evento, Marina conversou com Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, que disse que na Europa eles já tinham feito essa união dos dois temas algum tempo atrás, mas a primeira vez que se faz isso a nível global.
A África do Sul será o próximo país a presidir o G20 e já disse que manterá essa inovação. Como resultado concreto dessa união da ministra Marina Silva e do ministro Fernando Haddad, houve o lançamento ontem da Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP).
Essa plataforma também é uma inovação, porque antes eram as agências de desenvolvimento que faziam busca ativa de investimentos sustentáveis. Nessa plataforma todos se encontram, investidores, financiadores e projetos.
Em seu discurso, o ministro Fernando Haddad disse que o acompanhamento da implementação das entregas do G20 servirá como uma ponte entre a presidência brasileira do G20 e a Presidência da COP30, no próximo ano, permitindo alinhar os meios financeiros e de implementação à 'Contribuições Nacionalmente Determinadas' mais ambiciosas.
- Concluo com a expectativa de que as nossas decisões em 2024 contribuirão para desbloquear os financiamentos necessários para alcançar os objetivos climáticos e de desenvolvimento sustentável, promovendo um futuro mais justo e resiliente para todos.
No final da reunião, os membros divulgaram uma declaração conjunta. O texto relata o compromisso de ministros das áreas de Relações Exteriores, Finanças, Meio Ambiente e governadores de bancos centrais dos países do G20 em intensificar ações climáticas. Reafirma ainda o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5oC e destaca a importância de reduções significativas nas emissões para minimizar impactos climáticos.
Entre os compromissos, estão triplicar a capacidade global até 2030, dobrar a eficiência energética globalmente até 2030 e reduzir progressivamente o uso de carvão e eliminar subsídios ineficientes que não ajudam na transição justa.
Além disso, os líderes defendem uma reforma do sistema financeiro global para apoiar melhor o desenvolvimento sustentável e combater as mudanças climáticas, promovendo maior transparência nos fluxos financeiros e colaboração entre bancos de desenvolvimento
https://oglobo.globo.com/blogs/miriam-leitao/post/2024/10/a-inovacao-br…
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