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Ingá: Ibama prevê desastre ambiental

O Globo, Rio, p. 23
21 de Dez de 2005

Ingá: Ibama prevê desastre ambiental

Alessandro Soler

O Ibama encontrou ontem 19 infiltrações e vazamentos nos diques da lagoa de rejeitos da indústria Ingá Mercantil, em Itaguaí, que faliu em 1998, deixando, segundo especialistas, um dos maiores passivos ambientais do Brasil. Além da lagoa, uma montanha de resíduos tóxicos ameaça a vizinha Baía de Sepetiba. Durante as chuvas da semana passada, milhões de litros de água contaminada por metais pesados como arsênio e zinco transbordaram e atingiram uma extensa área de mangue na baía. Com as chuvas de verão, diz o Ibama, avizinha-se um desastre ambiental.
Presente à vistoria de ontem, o novo gerente-executivo do órgão no estado, Rogério Rocco, atribuiu o recente vazamento ao que chamou de equívoco na abordagem do problema pela Justiça. Desde 2003, por decisão da juíza Salete Maccaloz, da 7 Vara Federal, um grupo de trabalho liderado pelo Instituto de Química da UFRJ trata os efluentes da lagoa. União, estado e prefeitura de Itaguaí tiveram de bancar a obra emergencial, num custo de R$ 4,5 milhões. De acordo com o Ibama, tratar somente os efluentes não basta. Seria preciso isolar a montanha de resíduos que polui a lagoa.
- Não resta dúvida de que esse método adotado pela UFRJ, escolhida pela juíza, propiciou o vazamento. Em vez de ficar só tratando o líquido é preciso atacar a montanha de resíduos sólidos - disse Rogério Rocco.
Ele afirmou que a União não pagará pela continuidade desse projeto. Em julho, a juíza da 7 Vara Federal determinou que fossem feitos novos repasses, mas União, estado e município recorreram. Rocco alegou que pretende convencê-la a adotar uma nova solução, como o encapsulamento do material tóxico sólido e a retirada ou o isolamento total do material ali mesmo. Uma comissão formada pelas três esferas de poder se reunirá amanhã para discutir soluções. A juíza não foi encontrada para comentar as declarações do gerente do Ibama.

O Globo, 21/12/2005, Rio, p. 23

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