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Informe nº 705: Povo Tupinambá vem a Brasília cobrar demarcação de suas terras

Cimi-Brasília-DF
09 de Mar de 2006

Depois de duas retomadas realizadas nos últimos 20 dias, um grupo de 13 lideranças do povo Tupinambá de Olivença vieram à Brasília para pressionar a Funai na publicação do laudo antropológico para identificação e delimitação de sua terra tradicional.

Liderados por seus três caciques, Maria Valdelice Amaral, Alício Francisco Amaral e Rosivaldo Ferreira, que representam as 23 comunidades com uma população superior a 5000 pessoas, o grupo Tupinambá tem hoje uma audiência com o presidente da Funai, Mércio Gomes.

Na reunião os Tupinambá devem ouvir a posição do órgão indigenista oficial sobre o laudo antropológico, concluído em novembro do ano passado pela antropóloga Suzana Viegas. No levantamento feito pelos Tupinambá, o calculo é que o seu território tenha cerca de 42 mil hectares, se estendendo pelos municípios de Ilhéus, Una e Buararema.

As fazendas Limoeiro, de 700 hectares, e Cachoeira, de 878 hectares, foram retomadas de forma pacífica respectivamente nos dias 18 de fevereiro e 4 de março. Na fazenda Limoeiro, 300 Tupinambá encontraram uma terra praticamente abandonada, onde trabalhavam apenas três famílias. Na fazenda Cachoeirinha, 150 Tupinambá retomaram a terra que também se encontrava praticamente abandonada. Os nove meeiros que ali trabalhavam não resistiram. No entanto, os Tupinambá encontraram armas de fogo com os meeiros e as entregaram à Polícia Federal. O desinteresse nas fazendas já foi manifestado pelos invasores das terras. "Os fazendeiros já disseram pra gente que estão interessados em se desfazer das terras, por que sabem que são nossas", afirma o cacique Alício Francisco Amaral.

Além destas duas fazendas, duas outras, de 20 e 200 hectares, foram retomadas em outubro do ano passado. Somadas as terras, o povo Tupinambá têm retomados atualmente 1800 hectares.

Atendimento a saúde

A necessidade urgente do reconhecimento da terra está ligada à um outro problema: a falta de assistência médica. Segundo as lideranças Tupinambá, a Funasa tem se negado a atender pacientes nas áreas retomadas, alegando não trabalhar em área de conflito. Sem o serviço de ambulância, muitos enfermos têm passado por dificuldades. "As coisas estão tranqüilas, não há conflito com os fazendeiros. Mas mesmo que estivéssemos em conflito, onde já se viu a Funasa se negar a atender nosso povo?", afirma a cacica Maria Valdelice.

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